31 de dezembro de 2006
29 de dezembro de 2006
Oito, aos Vinte e Nove do Doze de Dois Mil e Seis
era o teu número
Indivizível por três
esse número tão perfeito
Noves fora
tudo é possível
de equacionar
Matemática dos sentidos
Treze
o primo entre pares
Subtrair a louvaminhação
supersticiosa
Sessenta e Nove
extremos que se tocam
Multiplicar afectos
e carícias
Cem
Secular existência
de comemorações
na soma das memórias
Mil
Transportar os anseios
na penumbra
das divisões sociais
Números!
Comemorações!
Hoje, nada pode ser
igual a ontem.
27 de dezembro de 2006
Sem Título (Óleo sobre Tela 36x48cm)
perspicaz morrer de novo.
Quero nascer para a morte,
para na vida ser
um espectro nauseabundo
e interminável.
Natural, Sem Reservas!
Suadas e irreverentes
mentes conspurcadas
O ócio dos desejos
O capital anseio de ternura
Paisagens de alucinar!
Quero naufragar nas
pateiras mais inóspitas
nos socalcos vivos
fedendo a uva,
quero ser um paúl
na tua vida
uma zona húmida,
preservada
As reservas naturais
do teu corpo, as
opíparas artérias
do teu ventre
sublime,
resgatado
na maresia inquieta
do meu vagar
Profundas convalescenças
do sentir, a febril insónia
dos movimentos
Pureza, aridez do calcorrear
das paisagens
Nunca me perco!
Sou um experimentado
viajante de montes e vales,
sou o cavaleiro do após Eclipse,
o ciclista do dharma, até Parma,
sem Karma nem virtude
Só a Solitude, no Solstício
de Inverno!
23 de dezembro de 2006
Sem dó nem piedade!
Portagens nas SCUT para o ano que vem!
2007 sem natal mas com Lá Féria!
Vou de férias prá Jamaica!
A balalaica para o rio que corre devagar.
Sem Rui nem rios a navegar, desoriento-me
nas vagas que se desperdiçam na boçalidade.
Incultas mentes que sonham com a próxima
corrida na cidade!
Presidentes ausentes da população, da cultura,
da vivência ancestral.
É o Natal, dirão alguns conformados!
O natal, sem hospital, mas com a capital
lembrança dos afectos dissimulados.
Não quero viver numa terra com esta gentalha!
Uma maralha de personas sem amor pela fantasia,
sem alegria, apenas com a filosofia do ganho, do
próximo negócio.
O ócio da casualidade. Falta verdade ao Porto,
ao Portugal insosso e decrépito, ao abundante
ditame do negócio, do dinheiro, da arrogância.
Primeiro a minha posição, que se foda a oposição!
Sem cultura, mas com muita sultura para
tresandar de cheiro nauseabundo e banal.
É o meu Porto de Portugal.
E Chamam a isto Natal?
Não posso ficar indiferente a este modo de estar,
não posso calar nesta época, a insidiosa mente
e quedar-me para sempre!
Essa Entente finalmente!
A luta vai começar!
A poesia acabou de se soltar!
Divulgar o que nos limita, o que
cerceia a nossa liberdade!
A Saudade de um mundo melhor!
Melhores dias virão...
Neste deserto de acção!
19 de dezembro de 2006
Tesão de Escrever
Tesão de Escrever!
18 de dezembro de 2006
domus e as tetas
excepto a razão".
AS TETAS DA ALIENAÇÃO
[Adolfo Luxúria Canibal / Miguel Pedro]
testemunha ocular da miséria mental que é mistificar a tristeza banal de viver a juntar tanta coisa vital para a vida vulgar parecer divinal e com isso ocultar a pobreza real de um gesticular reduzido a sinal não consigo calar a origem deste mal que nos anda a atacar a todos por igual tudo assenta no consumo e produção são as tetas desta nossa alienação trabalhar ou morrer é-nos dado escolher o trabalho é direito transmutado em dever não se pode morrer já lá diz o preceito e se formos a ver não há nada a escolher para sobreviver o trabalho é foral não morrer consumindo não se chama viver o consumo é o aval para se ir produzindo e com seu acrescer fecha o ciclo infernal tudo assenta no consumo e produção são as tetas desta nossa alienação são as tetas o consumo e a produção são as tetas da nossa alienação
Esta é a letra de um dos temas de "Há já muito tempo que nesta latrina o ar se tornou irrespirável", lançado pelos Mão Morta em 1998. Para esse trabalho, o primeiro depois do seminal (e sublime!) "Müller no Hotel Heissischer Hof", a banda inspirou-se nos movimentos anarquista e situacionista.
A despropósito, podem ler ou reler "A Sociedade do Espectáculo", que aqui postei há cerca de um ano. Aliás, podem lê-lo quantas vezes quiserem - mas uma vez será suficiente.
Quase tão inevitável como o pagamento do IRS em Março ou Abril, o calendário traz-nos, já bem embrulhadinho em papel reciclado, o Natal em Dezembro. Aliás, especula-se por aí que, a partir do próximo ano, o Ministério da Solidariedadezinha publicará no seu sítio oficial a lista dos portugueses que não se deixem enlevar pelo espírito natalício. Como diziam os "Felizes da Fé", cai o karma e a Trindade.
É nesta época natalícia que se enxota a malícia e se torna mais evidente a "unificação feliz da sociedade pelo consumo" de que fala Guy Débord. E é contra este paradigma ("paradigma" é um daqueles termos que explica o que não se consegue explicar bem - fiz-me explicar?) que odeusdamaquina se insurge. Contra a adulteração do nosso modo de vida, amarrado ao consumismo e ao fogo-fátuo da "Sociedade do Espectáculo".
Natal rima também com centro comercial. Os centros comerciais são, tal como os aeroportos, as grandes cadeias de hotéis ou os casinos, aquilo que amistosamente se apelida de "não-lugares".
Um não-lugar é um espaço desprovido de elementos que o diferenciem dos demais, demasiado artificializado. Os grandes aeroportos internacionais são quase tão idênticos como as lojas franchisadas: lembram-se da personagem que Edward Norton interpretou em Fight Club - Clube de Combate? Por passar o tempo a viajar pelos aeroportos da América do Norte e por diferentes fusos horários - é caso para dizer que ficava confuso horário - a voos tantos já não sabia onde estava, que dia era; e vejam o que acabou por fazer...
Os centros comerciais procuram recriar indoor as praças e os jardins que vão escasseando nas urbes. E se estes se tornam não-lugares, também as pessoas tendem a tornar-se... não-pessoas, através dos comportamentos, postura, linguagem que utilizam - tanto os vendedores como os potenciais clientes. Quando o empregado de balcão da loja de comida rápida nos diz "Obrigado" poderá muito bem estar a pensar: "Vá, agora desocupa-me o balcão, que está gente à espera". Economizam-se as palavras e a cortesia. Observado de longe, o movimento dos centros comerciais assemelha-se a um formigueiro: os gestos são repetitivos, maquinais.
Acaba por ser engraçado, é como observar os passageiros do metropolitano. Funny in a kinky way. Afinal, todas as pessoas andam por ali a satisfazer os seus desejos / necessidades de consumo. E nestas alturas, com esses espaços atafulhados de gente, é interessante observar-lhes as expressões, desde o sorriso - mais ou menos franco - ao mau humor mal disfarçado, do desprendimento de quem anda por ali simplesmente a passear à inexpressividade de quem já entrou em piloto automático; "Se não te calas levas um par de estalos!", a paciência já não mora ali. Tudo electronicamente vigiado, os agentes de segurança são extensões das câmaras de vigilância.
Nos centros comerciais encontram-se três tipos de pessoas:
- as que não passam sem uma visita regular, para fazer compras, passear ou simplesmente conviver - "aqui sou tão feliz!";
- as que abominam os centros comerciais e adoptam a nobre causa do comércio tradicional - "ah, nada como um sorriso genuíno, a disponibilidade e a sinceridade do atendimento personalizado... bem, mas olha-me só aquela loira na caixa quatro, é tão impessoalmente... boa!"
- as pessoas pretensiosas como eu - "isto é o máximo, enquanto faço as compras tenho a oportunidade de andar pelo meio das pessoas a observá-las, parece um laboratório de Sociologia ao vivo! Fuck, aquele #gadget# é muito mais barato aqui que no retail park lá da terra!"
Colemos as pontas soltas deste texto, se tal for ainda possível. Este post é como um novelo com várias pontas, e cada um que pegue na que mais lhe aprouver. Escrevo em itálico para compensar a declinação magnética da Terra.
Citação: "A contestação da abundância capitalista é apenas aparente, mais uma daquelas acções que se executam apenas para estar de acordo com o padrão imposto por uma sociedade. O consumo turva a vista da maioria dos seres humanos que deambulam pela sociedade do espectáculo." Fim de citação.
Quem citei? Nem mais nem menos que a personagem blogosférica previamente conhecida como Mata Hari que, como lhe competia, andava a espiar os meus escritos e comentou "A Sociedade do Espectáculo". Pois é, Mata. Mas que fazer? Respondem os Mão Morta em "Vamos fugir": "... a única fuga é a loucura". Ou, à falta dela, a ironia (com ou sem pretensiosismo).
Broas, Frestas e Boas Festas!
15 de dezembro de 2006
Porque estão mudas as sinapses nervosas?
Ninguém escreve aqui?
Está tudo a hibernar?
Porque será que nestas alturas nos esquecemos do essencial?
Nestas épocas, verão, natal, páscoa, será que a nossa memória para,
os nossos sentimentos congelam, a nossa acção falece?
Foda-se!
Pensem mais na vida que levamos do que a vida que ambicionamos!
É por estarmos sempre a antecipar o futuro, à pressa, que não vivemos
plenamente o dia-a-dia.
Ao contrário do que todos dizem, o natal é só um dia!
Ainda bem que não é todos os dias!
Seria uma seca e ninguém faria nada! A televisão seria uma merda
o ano inteiro (já o é, mas há oásis de conhecimento), os telemóveis
inundados com mensagens plenas de frases feitas e humanismo
hipócrita, acho que só o comércio, o turismo, o petróleo iriam gostar de
natal todos os dias!
Ou seja, enquanto estiver aqui, vou-me bater pelo não-conformismo,
vou-me debater contra os natais da nossa vida, vou ser do contra,
porque tenho o direito à indignação da diferença!
"Contra o natal, marchar, marchar!"
"Sou livre, contra esta sociedade organizada e vestida
Estou nu, e mergulho na água da minha imaginação" - Álvaro de Campos
12 de dezembro de 2006
Lucidez na Acidez?
Depois da ressaca dos festejos, é hora de voltar ao trabalho,
ao frio e arrepiante mundo das palavras inóspitas, solitárias.
Do afirmar aqui e agora os males do mundo.
Este é o reino do podre, do nauseabundo, da sub-cave,
das intempéries da alma! Fétido hálito dos transeuntes,
olhos enviesados, carcomidas vozes de raiva.
Sonolenta e conspurcada vivência, dias eléctricos,
luminosidade aparente, massas a consumir, a omitir
um ano inteiro de frustrações acumuladas, de ódios ao volante.
Um ano inteiro de estradas perdidas para o vale da morte, humanos
que não se olham, não se tocam, tudo aparência!
Fatal natal com o desejo animal da festa, da embriaguez
dos sentidos, da anulação da vida. Seres que andam, correm nas
ruas, nos hipermercados, nos centros culturais da nossa vida comercial
e popular. Nas estradas são os loucos ao volante, pela estrada fora,
a toda a brida, avançar, sem olhar, sem dialogar.
Sorrisos imediatos, inebriantes.
Prefiro o fel das minhas solas de sapato rotas, o azedume do mar,
as dunas desfeitas na maré, o ocaso salino, o odor a castanheiro velho.
Quero o trapo sujo, o bêbedo que mete conversa, a quem lhe pago um copo,
porque não quero contribuir para vícios alheios, só pago a quem gosta de beber!
Quero a noite escura, não quero néons nem presépios, nem pais natal à varanda,
nem bolo-rei, nem coisas que me fazem engordar e morrer cedo.
Prefiro morrer com uma ardósia na mão, escrever os mandamentos da
educação do cidadão, reeducar-me a mim próprio, aprender com os meus erros.
Quero a gruta no meio da serra, tal como Sebastião da Gama, insigne poeta da
Arrábida e de Setúbal, que se fechava no seu eremitério.
Quero um Luís Pacheco que me faça soluçar, chorar, sentir a terra a tremer-me
debaixo dos pés, um Cesariny que encontrei uma noite no Bairro Alto, naquele bar
esconso, decadente, adúltero e velho, com fados, guitarradas e muitos cigarros.
Quero ficar sozinho, não quero as mensagens dos telemóveis, os cartões de boas festas,
os presentes. Prefiro os ausentes, os meus mortos, as minhas despedidas, aqueles que me deixaram para trás, ou quem eu deixei, aqueles de quem me desencontrei, aqueles a quem nunca pedi perdão! Quero sentir a dor, quero pagar pelas minhas faltas, pelos meus pecados,
sentir todo o inferno nos meus olhos!
Não sou digno de confiança, não sou digno de amor, sou digno da mais putativa solidão e amargura. O Natal é para quem se porta bem! Eu quero apenas recordar os passados, as memórias, os sonhos! Tudo o que criei, tudo o que fiz de bom, mas também aquilo em que errei.
Quero ser uma persona com lastro de passado, nesta época em que só se pensa no presente, no momento, no clímax, e depois... tudo se desvanece, tudo se esfuma. Prometemos que mudamos no ano novo, mas passada a tesão, voltamos a ser quem éramos, enganamo-nos a nós mesmos, engalfinhamo-nos nas teias deste presente que nos ausenta da vida, que nos faz perder o norte, o sul e todos os rumos do desconhecido.
Arriscamos pouco, só pisamos solo conhecido, palpável e macio. Nada de grandes revoluções, convulsões. Nada de pensar em dor, morte, negritude.
A nossa vida tem de ser vermelha, encarnada, amarela, branca, pura e católica. Temos de nos ajoelhar para sentir o frio nas pernas. Fora isso, temos os nossos ares condicionados, os nossos passos vigiados, a nossa comida microondicionada, o nosso amor regulado em ciclos de 28 dias, bem certinho como um relógio Suíço. Tudo é insonorizado, calculado, regulado. Queremos conforto e eficiência. Queremos ciência e Desporto. Mas não andamos a pé, não fazemos exercício físico, somos obesos e ainda queremos mais. Consumir, Consumir para destruir! Nesta época não quero nada disso, não quero correr atrás do prejuízo, do pré-juízo, do juízo prévio. Não quero prever nada, não quero antecipar nada.
Nada de nada, nem dinheiro, nem presente, nem futuro!
Vou-me encontrar com o passado, provando o fel, nas minhas solas de sapato velhas e rotas!
4 de dezembro de 2006
Palavra puxa palavra puxa acção!
O mais sereno olhar
Faúlhas na memória
Buracos nas tuas solas
Precipícios sem fim
Deserto telúrico
Uma para o caminho
no trajecto mais íngreme
Parcas palavras no desafio feroz da consciência, ultimatos devastadores, iniquidade e tresvario. Farto do Individualismo, do diz que disse, dos anormais que soltam palavras ao vento, que julgam que tudo sabem, que são potentes e omnipresentes, mas que se ausentam do colectivo. Mamarrachos humanos, competidores de si mesmos, esgares cínicos, gestos sardónicos, portes altivos, foda-se para os inveterados vertebrados sem miolos de gente honesta!
Partir os particípios, os passados, os usados, os dados como nados adquiridos!
Circunvalações metamorfósicas, a cultura do não-pensar, a Ocidentalar praia dos abjectos contrafactores de sistemas, capitalismos exacerbados na ignara vida quotidiana. Uma cultura caseira e televisiva com a idade da infância a inundar-nos em novelas, programazecos para rir e chorar por mais e melhor não existir na nossa vida! Benfazejo inverno do nosso descontentamento, em que estupidificamos defronte dos écrans da nossa narcísica vontade.
Estiolamos as memórias, não inscrevemos em nós um passado de emoções, queremos uma sociedade translúcida e gordurenta, que não desaparece mesmo com o calor! Uma incrustada cultura do presente, do efémero social, do nivelar abaixo da linha de água o saber, de sermos governados rumo a uma descida de divisão do conhecimento, do espírito crítico, do sonho, da criação por tentativa e erro. Erramos, mas não queremos que os outros saibam disso! Somos bonitos, fortes, saudáveis e lavadinhos por fora. Branco mais branco não há! Névoa branca, Sebastiânico nevoeiro que nos turge os sentidos. Esperamos e desesperamos por aquilo que não temos nem há! Precisamos de memória de elefante, precisamos de inscrever em nós o passado, carregar o fardo do exílio, do direito à diferença!
Encontrar-me
aqui e agora
Ser o mais silencioso
possível
num mundo de ruídos
e silvos a mais
A paz, a janela aberta
para levar com a chuva
Sair para viver!
Deixar de sobre viver!
3 de dezembro de 2006
Parabéns!
Depois, viver com amigos, ter muita vontade de estar com eles, abraçá-los, escutá-los, respeitá-los. E os desconhecidos? Aqueles que encontramos em qualquer esquina da rua, com um Adufe na mão, quem sabe? (Esta é directa para uma pessoa - FF - Fast Forward de Energia, de Intensidade, de Inteligência); aqueles que se desencontram de nós e que depois se reencontram. As viagens, as paisagens deste país e das fronteiras (tão abertas quanto próximas) à nossa espera. São virtudes do olhar, espertezas do coração, sim, porque o Coração é esperto, sempre em vista o mínimo denominador comum, o poupar energia, o durar mais tempo. É uma entropia mínima, um sistema parassimpático de emoções que nos manda abrandar.
Mas porquê não explodir? Não se deixar levar pela Simpatia efervescente do sistema Simpático, que nos acelera a entropia, os sentidos, as palavras, as acções?
O que importa é viver, sonhar, sentir, cheirar, olhar. Gordon Craig, um Encenador e Teórico do Teatro, afirmou que "O Olhar é o mais intelectual dos sentidos", por isso o teatro deve ser olhar, observar uma vida diante de nós. Já o cheiro, julgo que o cheiro é aquele que mais se entranha no nosso inconsciente. Quantas vezes não cheiramos algo que nos recorda a infância, algum momento especial do passado, uma pessoa, uma rua, uma praia?
Falo-vos de sentidos? Farei sentido com prosa tão sentida?
Peço-vos: Viajem, viajem com os sentidos!
Aprendamos a sonhar, a regressar à Infância do nosso contentamento!
Aos meus amigos, inimigos, conhecidos, desconhecidos:
- Escrever para vós é uma forma de vos amar, de vos ouvir, de lembrar-me de vós todos!
De não esquecer o passado e, no presente deixar esta singela mensagem e agradecer a existência e persistência (da memória) dos blogues para ficar impresso, inscrito em nós (como diria José Gil) este eterno afecto, esta intemporal amizade, este aniversário virtualmente real para escrevermo-nos, estreitarmos os laços, as pernillas, as Marias & as Outras e quem vai com elas, em suma, pelo Sonho é que vamos!
Parabéns!
O meu contributo para o Aniversário - Inédito, não postulado, mas postado como comentário, em tempos idos de pré-entrada neste insigne blogue!
(comentário em jeito de Direito de Resposta a Língua Morta no Post "Arnaldo, O Comando")
À Guisa de Exemplo, este blogue deveria ter a Coluna do Provador! Quem melhor que uma língua para ser Provadora?! Viva ou Morta, não importa. Tal féretra figura será necessária!
10 Janeiro, 2006 13:58
Profundo Sono de Sonho
Na névoa do meu poema.
O abraço da vitória,
do aniversário perdido
na insolência dos dias
Revi-te
na imensa calma
do teu olhar de ternura
feita paixão
Soçobrei
perante tamanha
inteligência do teu corpo
Adormeci
Na clareza da tua ausência!
2 de dezembro de 2006
Pernilla aniversilla
A sério. O importante é haver harmonia. Ou, à falta dela, concórdia. Agora, passo a falar-vos em nome de todos os bloggers de "Maria Pernilla".
Estamos em condições de anunciar-vos que, precisamente um ano depois do arranque de "Maria Pernilla", os objectivos iniciais desta iniciativa de vincado carácter solidário foram largamente superados, graças a todo os esforços por nós e por vós envidados. Queiram atentar nesta foto, da autoria de zetavares (a quem agradecemos desde já) :
Lembram-se destes três cavalos? Eles estavam votados a uma desumana servidão, quando pertenciam ao Circo Bush: aí eram maltratados, seviciados e psicologicamente humilhados. Só para terem um exemplo, apenas sabiam uns rudimentos da língua portuguesa quando nos tornámos, perante a lei, seus tutores.
Desde aí, num caminho que - não o negamos - teve o seu quê de árduo, conseguimos que estes cavalos recuperassem a sua auto-estima e sentido de pertença à sociedade. Depois, ensinámo-los a ler, escrever, patinar e falar três idiomas: português, inglês e o dialecto da patinagem artística. Finalmente - relembro-vos que todo este processo completa hoje precisamente um ano -, facultámos-lhes um emprego, tornando-os assim cidadãos de pleno direito: actualmente, ministram Oficinas de Movimento e Workshops de Dança Contemporânea. Assim mesmo, com maiúsculas.
Congratulamo-nos em anunciar que estes equídeos estão entre os finalistas nomeados para o Prémio Surya Bonaly deste ano, na categoria "Já sou bom, em breve serei o melhor". À guisa de agradecimento, os cavalos realizaram esta performance, intitulada "Sincronização Celebração", que o zetavares gentilmente registou para a posteridade.
Por tudo isto, resta-me agradecer (voltando a falar em nome próprio) a todos os bloggers de "Maria Pernilla" e aos comentadores deste sítio, já que este feito resulta dos nossos posts e de todos os vossos comentários. Faça uma boa acção por dia: comente no "Maria Pernilla". Apraz-nos comunicar-vos que a nossa labuta foi já alvo de elogios proferidos pel` O Bom Selvagem (entidade certificada pelo Instituto da Qualidade Blogosférica com o número 5638-tc) e pelo Bruno (idem, número 2153-mrt). O Bom Selvagem escreveu: "... esses bloggers loucos do Maria Pernilla..."; já o Bruno afirmou, de olhos marejados, que "Este blogue é a parte esquecida de Deus".
Despedimo-nos por hoje com alguma amizade e com a garantia de que continuaremos a trilhar este caminho; hoje estamos aqui, amanhã quem sabe? E lembrem-se: "Comentar no Maria Pernilla é praticar o bem". O nosso bem-haja a todos vós. Gratos.
1 de dezembro de 2006
Carta a Língua Morta (ou Mao Zedong)

Nova Lisboa, 13 de Outubro de 2006
Caro Mao Zedong
Espero que ao receberes esta carta te encontres bem de saúde já que a saúde deste país anda a ser maltratada pelos senhores do regime.
Soube que tinhas sido colocado em São Tomé e Príncipe. Isso é muito longe ou dá para ir e vir todos os dias? Isto agora com as estradas que temos é uma maravilha. Temos de agradecer ao senhor de Boliqueime. Se decidires ficar aí podes arrendar um quarto numa cave de uma Miss Pity qualquer. Também fui informado pela Stasi que andas envolvido em altos projectos. Sei que a parada gay que organizaste em Tel-Aviv para rabis e padres presbiterianos correu muito bem. O sucesso foi tal que foste contactado pelo Vaticano para organizar o desfile do papa em Ankara. Também me chegou aos ouvidos que estavas a pensar preparar uma Revolução Cultural na ilha de Príncipe para quebrar o marasmo e a rotina diária. Se correr bem podes depois fazer um scale-up para a ilha de São Tomé ou quiçá alargar a toda a Micronésia e Polinésia francesas. Fica a sugestão.
É verdade. Vi o Adolf na zona da restauração do Fórum a comer cornichons em conserva e a falar sozinho num dialecto da Alsácia –Lorena. Perguntou por ti. Disse-me que nunca mais te viu depois daquela cena sado-maso que vocês tiveram. Pediu-me que te dissesse que afinal a verdade não estava na Der –Spiegel como ele desconfiava mas estava no pneu suplente de Trabant azul com um bandeira da DDR orgulhosamente colocada no tablier… O recado está entregue.
Também vi um cão em Pripiat com três pernas.
Pára com isso porque os raptores de crianças andam aí.
PS: Notícia de última hora. O Estado Português da Índia foi invadido pelo Exército da União Indiana. Morte a Nehru. Viva o Estado Novo.
Atenciosamente,
Vladivostok
Corpo, Som, Movimento? (ou O Bar & A Sede)
ausência dos afectos
a ladaínha ensimesmada
na oculta margem
da alegria
Frenéticas canções
no deambular das marés
o ocaso inone
sem deus nem pátria
Dormi na secura
do teu circunspecto
olhar
E a dança, louca
melancolia numa
luz feérica
A causalidade
reverberada na
infame memória
dos sentidos
Perfume cálido,
louca abstracção
nas insignes
tempestades do olhar
Leituras ao desvario
inocência resplandecente.
Na aura crepuscular
o sentido dos percursos
Movimentos perfeitos
na perpétua constelação
do teu corpo.