Primeira inconsequência: o teu olhar!
Num sorriso circunspecto, amacias a sofreguidão das horas
Ternuras num copo de leite ao fim da tarde dos pés plúmbeos.
Irascíveis artérias do teu sangue infectado de dor.
Segunda inconsequência: garatujar ruídos!
Numa fala dispersa, contar as datas do desaforo dos sentidos
Partir a loiça de encontro aos teus pés de porcelana.
Cálidos sudários em suores tiritando frios aromas.
Sem consequência de maior: soltar a fímbria do mar!
Bordejar a salsa e canela o rumo dos afectos
Enformar o doce conventual da tua inteligência.
Rigoroso passado tocado pela mão da criação.
Total consequência: morder o silêncio das paixões!
Ensimesmar na aparência dos heróis, deuses salvíficos
Lavar a roupa suja e sacudir o pó das dúvidas.
Restos de criaturas a pontuarem a afável boca.
Inconsequência do olhar:
- Por onde andarão os dias e as noites sem ti?
Em que sufrágio me forçaste a não vê-los?
Último reduto das visões transparentes.
- Em que margens da alegria, em que praças alcandoradas
transpuseste o estigma dos teus receios infundados?
Primeiro anel das emoções subliminares.
- No tédio dos balanços efectivos, que modorra
te ocupou nos verdes anos da saudade?
Medievo palácio dos amores enlutados.
Diz-me inconsequência do olhar:
- Por onde andarão os dias e as noites sem ti?