15 de outubro de 2007

Pelas Sombras do Bosque

Prossigo a caminhada lenta do vagar irrespirável
Mente desperta no infinito molto lento e a vácuo
timbrado. Maçãs do rosto como punhais, silêncio
num olhar de volúpia. Partidos os tentáculos dos
dias inquietos. Veias delirantes na medusa afável
do teu estilhaço. No afã da subida, as pernas roçam
o insofismável odor da perfídia. Relembramos as
horas de angústia no engomar das paixões, roupa
lavada no desalinho das marés. Meia página de dor
vertida no café da manhã, energia que precisavas
para o anestesiar dos sentidos. Pétalas e limbos,
amaciar nas folhas do teu caderno a paixão fugaz,
espasmos e narcóticos no teu lábio leporino, caem
da tua mão os últimos barbitúricos do deserto,
tisanas do inferno na tua delicodoce mão de ferro.
Mal te deste conta da morte dos espectros e o luar
anunciava o teu hibernar dolente em suspiros sem
fim. Crédulos da tua solidão, os animais do bosque,
entre abetos e sequóias regozijavam-se da branda
e invernal tempestade do teu angustiado sexo. Em
surdina, desaparecendo no nevoeiro, pintaram a
paisagem de pranto e silvos agudos, dando vivas
a esse estertor inerte na luminar casa do pecado.

2 Comments:

Blogger Dinis Medo usou da palavra

gostei de ler, como já te tinha escrito
gosto de ler tudo o que é bem descrito, não que isso seja castração para a imaginação mas sim porque nos obriga a nós leitores a ser ainda muito mais imaginativos para preencher todos os restos que ficaram por contar.

16 outubro, 2007 22:12  
Blogger eu usou da palavra

Falta de tempo? E eu que preciso da tua atenção.Como já sabes gosto do que escreves porque me identifico. Boa barca em boas ondas...

18 outubro, 2007 19:54  

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