31 de janeiro de 2007

Revista ObsCena - Nova Revista de Artes Performativas


Começar
Talvez nenhuma altura seja boa para começar um projecto editorial independente; e esta em que vivemos a menos indicada de todas. Potenciais conflitos éticos não são questionados, ouvem-se notícias sobre mudanças e despedimentos nas redacções, eventuais suspensões de periódicos, abrandamento do investimento publicitário e explosões no espaço virtual que levam a uma falsa democratização do papel do comentador e do valor da opinião. (…)
Uma revista mensal dedicada às artes performativas é um projecto arriscado porque nunca se sabe quanto tempo de vida tem essa aventura. É por isso –e assume-se já neste primeiro editorial – que a OBSCENA surge sem promessas. Mas querendo contribuir para a revitalização do debate, da reflexão exigente, da indispensável intervenção pública. Surge em formato pdf por estratégia. Lançá-la em papel ou esperar que apoios financeiros a possam sustentar adiaria a sua concretização e este não é um tempo para cruzar os braços. (...) in editorial

Agora já pode fazer o download da revista OBSCENA a partir deste link:http://www.revistaobscena.com/revistas/obscena01.pdf
Como subscritor da OBSCENA receberá informação prévia sobre os conteúdosde cada número, bem como textos em exclusivo.
Obrigado.

30 de janeiro de 2007

A Interrupção Voluntária da Gravidez, Para Outros, Aborto.

Por favor: É um apelo que faço a todos os meus amigos (e inimigos)! Não me mandem mails, informações, não discutam comigo sobre esta questão, porque não estou para aí virado. Seja do NAO, do SIM, não vale a pena. Acho que é apenas ruído, campanha, discussão bacoca acerca de um assunto íntimo. Penso em ir votar, portanto, não estou fora desta questão, não é isso. Apenas que me incomoda todo este festival à volta de uma questão muito importante. Agora, que dá que pensar, claro, tudo dá que pensar. Para isso, temos de usar as nossas inteligências para decidirmos o que é o melhor para nós. Por isso, não vou discutir com ninguém as suas opções ou condicioná-las, impondo a minha opinião, mostrando as minhas imagens e os meus argumentos. Apenas penso que não vale a pena! É metermo-nos na vida alheia!

Por isso, para esse peditório não dou! Há 9 anos atrás votei e detestei ver e ouvir os argumentos de cada parte, cheios de lugares comuns e ideias feitas. Deu para ver como é feita a nossa sociedade! E agora, sei que já está a acontecer o mesmo, o que só gera confusão e desinformação nas pessoas. Muitas delas, com os argumentos contraditórios e acusadores de parte a parte, só fazem com que as pessoas não votem.
É este o meu contributo para tão nobre questão.
Obrigado!

29 de janeiro de 2007

Serviço Público? Não... Serviço Impúdico!

Rivoli vai dar 5,6 milhões a La Féria este ano
Alexandra Carita - Jornal Expresso

A exploração do Rivoli entregue pela câmara do Porto à empresa Bastidores é um contrato milionário. Na proposta, La Féria nem incluiu um único espectáculo que já não tenha passado pelo Politeama.

Filipe La Féria prepara-se para transformar o Rivoli na delegação do Porto do Politeama, com a aprovação de Rui Rio

O protocolo de Cedência e Concessão de Exploração do Teatro Rivoli vai pôr nos bolsos de Filipe La Féria 5,6 milhões de euros/ano. São os números da receita líquida que constam da proposta entregue à Câmara Municipal do Porto, recentemente aprovada por Rui Rio, à qual o Expresso teve acesso.
De acordo com o documento apresentado pelo produtor, o valor médio de um bilhete para um espectáculo infanto-juvenil, no pequeno auditório do teatro, ronda os 22 euros, quando a prática corrente para esse tipo de espectáculos não ultrapassa os três euros. Mas há mais: A autarquia responsabiliza-se por todas as despesas de manutenção estrutural do edifício, pela reposição de equipamentos técnicos e pelos gastos dos consumos de água, electricidade e combustíveis de climatização.
No contrato, autarquia e produtor obrigam-se a manter com carácter de confidencialidade todos os documentos, com ressalva para as revelações impostas por obrigação legal. Também em matéria de não renovação do protocolo La Féria sai a ganhar. Por exemplo, se estiver em palco um espectáculo estreado há menos de 180 dias, o município vê-se obrigado a indemnizar o encenador por todos os prejuízos da não renovação, "que desde já se fixam no valor correspondente aos três maiores meses de receita média, dos seis meses imediatamente antecedentes da comunicação da intenção de não renovação".
Vira o palco e toca o mesmo
Em contrapartida, o patrão do Politeama propõe como serviço público para o Rivoli uma programação baseada na projecção mediática e nos espectáculos de sucesso já apresentados em Lisboa. A começar pelo musical acabado de estrear na Capital, "Miss Daisy", La Féria chega ao ponto de programar musicais encenados por si há mais de uma década ("Jesus Christ Superstar", por exemplo), retoma "A Canção de Lisboa" ou "Wanda Stuart" e por aí fora.
A transparência de todo o processo, desde que as candidaturas foram entregues a 30 de Setembro, também tem sido posta em causa. Aceites cinco candidaturas – Portoeventos, Bastidores (a empresa de La Féria), Miltemas, Plateia e Inatel –, Rui Rio é obrigado a criar por despacho uma Comissão de Acompanhamento para analisar as propostas. Tudo porque a Fundação Gomes Teixeira da Universidade do Porto recusou-se a analisar a sustentabilidade económico-financeira das propostas. Razão evocada pela instituição: Os elementos facultados pela autarquia eram "insuficientemente sólidos de acordo com os padrões normais a que deve obedecer um business plan".
A 17 de Outubro, a comissão recém-nomeada por Rio avalia as candidaturas segundo os requisitos impostos pelo concurso (prova de capacidade económica, oferta de espectáculos, grandes produções, peças infanto-juvenis, obras de cariz experimental, autores e artistas da zona norte, ensino e formação, manutenção dos espaços e equipamentos, resumo de guiões, entre outros aspectos). É já a 18 de Dezembro que Rui Rio delibera celebrar o contrato de gestão do Rivoli com La Féria, depois de todos os candidatos terem sido recebidos em audição por uma "comissão restrita", criada sem qualquer despacho e presidida por Álvaro Castello-Branco, vice-presidente da autarquia, Raul Matos Fernandes, director municipal da cultura, e Manuel Pinto Teixeira, chefe de gabinete da presidência, terem dado o seu parecer final. Em bom rigor, o único existente.
Por responder fica as perguntas que o Expresso tentou insistentemente fazer tanto ao presidente da Câmara do Porto, Rui Rui, como ao produtor Filipe La Féria. É que nem num caso, nem no outro, se passou das secretárias, a quem o assunto foi explicado.

Atenasdoismiliquatro



Transatlanticism - Death Cab for Cutie

22 de janeiro de 2007

Produções BANANA em grande!

O momento é de grande emoção: Não há palavras, não há dedos para teclar, não há voz para jubilar, não há tinta para imprimir! O computador treme, o processador hesita, o e-mail entope, e a internet bloqueia! A notícia é hexa-tetra-bombástica: Finalmente os Atuns saem da lata no mais cobiçado palco de Lisboa – o Cabaret Maxime!! Sim sim, já sabemos que já se lá passou qualquer coisa... Já se lá tocou, já se lavou o chão, etc. Mas o grande re-arranque, a pedra-de-toque, a alavanca fundamental que fará com que o soberbo e áureo maquinismo volte a funcionar ao maxime, é agora divulgada a plenos pulmões! Com honras de mensagem-de-fumo – celeste e láctea – visível de todos os planetas de todas as galáxias, Produções Banana e Cabaret Maxime vigorosa e orgulhosamente anunciam: Corações de Atum ao vivo no dia 2 de Fevereiro de 2007!
Um quinteto de luxo! Manuel João Vieira, João Custódio, Marco Franco, Nuno Ferreira, e Rui Caetano! Jazz propedêutico e didáctico, ideal para cépticos, é o prato escolhido para começar o grande banquete musical com que o Maxime pretende mimar a grande alface depois de umas curtas férias (para remoção de um simples parafuso!), banquete este que se pretende farto, variado e duradoiro! Por isso, e apesar de não ser nosso hábito ingerir bebidas espirituosas, ergamos um brinde ao grande acontecimento. Tchin-tchin!
Sexta-feira, 2 fevereiro 07 - abertura de portas às 22h00
Bilhetes €10, com oferta de bebida
Cabaret maxime, Pç. Alegria, 58 em Lisboa - tel. 213467090
Mais informações:
tm 962804368
producoes@banana.com.pt

18 de janeiro de 2007

now I see it... now I don`t

Pássaro suicida. A fazer lembrar o gato que se foi aquecer no improvável conforto da ventoínha junto ao radiador do velho Mercedes recém-imobilizado. Vi-o mais tarde a querer escapar à ventoínha em movimento. O condutor desligou o motor, alarmado pelo estranho ruído, e o felino fugiu, esbaforido como pôde. Aconteceu quando esta criança era criança.

"nearly-happy end" para afagar sensibilidades: o gato preto sobreviveu com pequenas mazelas. Eu sobrevivi desmazelado.

Geoclimas da Memória

Altas Temperaturas
Desertos pálidos
Nauseabundos odores
dos corpos infectos

Nos fornos, inflama-se
o ódio nas mentes do temor
A paz sobrevive nas
minúsculas ervas daninhas

Corpos exauridos
na ferrugem dos dias
O são e o louco juntos
para mais uma partida!

Tempestades de areia,
o arfar seco dos dromedários
na duna incomensurável
e sem oásis à vista

Salvei-te da tundra do meu olhar,
da gélida superfície do meu corpo.
Qual floresta tropical, varreste de
chuva e encanto o meu horizonte

A neve do meu desejo
é o estio da tua vida!
Lacrimejas a memória de encanto
na bruma do meu cais desabrigado.

16 de janeiro de 2007

Diário de Sofia.

No fim-de-semana passado joguei "bowling" e gostei. Sendo o "bowling" um passatempo capitalista, acham que devo informar o Partido?


Ajudem-me por favor. Não consigo viver com este tormento...

Tisanas no Deserto

Adenda
Acrescento leve na bruma
Maresias do olhar

A inválida mente
na oblíqua passagem.
O vento é por tua conta!

Calçadas despidas de homens
Anoitece nos campos
da selvagem solidão.

Tens uma espinha que atravessa
a tua garganta.
Passeias-te com os ombros
infestados em mel.
Só a língua no cais
te dão o remorso da sílaba.

Cruzamentos na pálida
avenida dos afectos,
bípedes e triciclos
da imaginação.
Juntas a cabeça ao céu,
o sol pode esperar
pela bruma do teu sorriso.

Doravante, Marche!
Caminhe na flexão do indizível.
Atraque na orla do cinzento-escarlate
das divinas providências animais.

Perverso, caminho inverso da certeza,
solipsismo da utópica atracção dos pólos
em estreita relação com o seu equador
dos medos e angústias.

Palavra breve, sincopada, apalpada!
Lâmina doce, sabor eólico!
A tumba assaz profunda,
os rizomas infectos de húmus.
Líquenes-da-Islândia para turgir
as memórias.

Infusão ordenada, cálices orlados
a ouro do deserto.
Bebemos juntos
o espaço sideral.

15 de janeiro de 2007

Maquinalmente Falando...

E Escrevendo
Dúzias de holofotes
na imensa Margem
da Alegria

13 de janeiro de 2007

Adivinhem quem voltou!



The Arcade Fire. "Intervention", avanço de "Neon Bible", por quem os sinos salivam.

Ouçam também compulsivamente "Intervention" ao vivo num programa de rádio.

12 de janeiro de 2007

Não percebo nada disto! Umas vezes dá, outras não!
Merda prás máquinas!
Ok. Está tudo bem!
vamos lá a ver se desta é de vez!

De volta!

Na senda do segredo
uma máquina sucumbe
perante a minha loucura!

6 de janeiro de 2007

interiores


O Trigo Limpo Teatro ACERT está a desenvolver o projecto "Interiores", que consiste na concepção de espectáculos a partir de dois textos de autores de língua portuguesa escritos especialmente para o projecto. "Duas Histórias de Solidão / Duas Histórias a Sós", o primeiro desses espectáculos, estreou a 1 Dezembro - primeiro dia do 12º FINTA no Novo Ciclo. Esperei mais de um mês para falar do espectáculo devido ao... afastamento pernilliano.

Assisti à terceira apresentação de "Interiores". Depois da balbúrdia saudável que caracterizou a estreia, a sala estava bem composto de público, mas não lotada. Comecemos (por assim dizer). São duas personagens, duas histórias, dois mundos que partilham palco, cenário e adereços.

Primeira história. Raquel Costa interpreta uma personagem feminina de que não se vem a saber o nome - por isso largo o pudor na valeta e passo a chamá-la Violeta. Violeta é uma mulher amargurada, ultrapassada pela voragem da passagem do tempo (cá está o meu primeiro cliché, só faltou utilizar o termo "inexorável".) Violeta assiste à tomada de posse de um amor antigo - de sempre? - na televisão. Está sozinha, e recorda os tempos em que estavam juntos, por alturas do PREC. A mudança do país e o afastamento do camarada sem nome deixam Violeta encarcerada em si própria, naquilo que era.

O texto de Eduarda Dionísio ("do avesso e do direito") constitui o elemento menos conseguido de todo o espectáculo. Para além de excessivamente extenso, é por vezes confuso, com algumas incursões pelo campo do humor que apenas arrancaram da plateia alguns arremedos de gargalhada. (O trocadilho entre os PC`s revelou-se confrangedor). E datado, pelo menos para mim, a quem o PREC pouco evoca. "Não estava lá".
Tarefa difícil, portanto, a que se deparou ao encenador e à actriz.

Difícil, mas superada. Raquel Costa construiu uma personagem perfeitamente coerente e verosímil. A sua postura corporal, o nervosismo dos gestos, a gestão do silêncio e das inflexões na voz, tudo isso ultrapassou as limitações do texto. Violeta apercebe-se que a sua existência ficou retida num qualquer baú de memórias, mas consegue conservar a lucidez e o amor-próprio, não sucumbindo ao ressentimento.
A despropósito, Violeta faz-me lembrar uma personagem secundária de "Mulholland Drive" de David Lynch: a vizinha de Diane quando Betty e Rita a procuram nos apartamentos Sierra Bonita... pois... ver esse filme compulsivamente dá nisto.
Bom, o que importa é mesmo realçar o excelento trabalho dos actores - Pompeu José é-o também - na adaptação deste "do avesso e do direito".

Segunda história. Interpretação de Ruy Malheiro (e Paulo Neto) a partir de "o mal de Ortov", de Jaime Rocha. Ortov é um homem à beira de cometer uma loucura. "Estou mal!", assevera-nos. Pormenor delicioso (comentário distanciado!): quando Ortov inicia o discurso não lhe conseguimos ver os olhos, apenas vemos duas cavidades negras. Pormaiores do desenho de luz...
Ortov é um suburbano que vive só, e vem confessar-nos um assassinato que não tem a certeza de ter cometido. Este "assassino histérico" desfia-nos pedaços de conversas - reais ou imaginárias - com a dita vizinha e com o psiquiatra. Não quer ser julgado pelos tribunais, mas pela turba que assistirá ao directo televisivo onde será - assim o espera - condenado e onde concretizará a sentença. Vivência suburbana, problemas de vizinhança, o quarto poder - cliché, cliché, cliché.

Mas o texto de Jaime Rocha esquiva-se à banalidade através do recurso ao humor e à multiplicação de personagens que Ortov nos expõe. O autor consegue equilibrar bem o texto, conferindo-lhe um tom humorístico sem retirar com isso densidade a Ortov. E este equilíbrio é respeitado pelo Trigo Limpo. A interpretação de Ruy Malheiro doseia muito bem o humor, inteligente e por vezes hilariante - como nas conversas com o psi - com a gravidade de quem está disposto a responder perante a soberania popular, evitando cair na caricaturização da personagem e no overacting.

E eis que chegam "os senhores da televisão". Nessa altura o desenho de luz transporta-nos para outro ambiente, a irrealidade criada pelos holofotes da TV. O palco é invadido por uma luz intensa, fria e azulada - outro despropósito: a fazer lembrar "Purificados" de Sarah Kane, encenação de Nuno Cardoso. Já o destino de Ortov não é para ser aqui relatado. Não conto, não conto, não conto.

Está de parabéns o Trigo Limpo por mais esta produção, que será novamente apresentada ao público em Tondela nos dias 19 e 20 de Janeiro, pelas 21h45. A ver.
E aproveitem para escolher outro nome à personagem da Raquel Costa. Violeta é um nome mauzinho...

imagem retirada de www.acert.pt

5 de janeiro de 2007

frase kinky da semana

Não é substituição, é prostituição.

4 de janeiro de 2007

Quatro Quadras no Quarto Dia do Ano

Tristão e Isolda
Magnetes na enferma saudade
Panegíricos essenciais
e alvas constelações

Raiar de dúvidas
Teoremas complexos
A virtude de uma ode
desconhecida

Retratos inconsequentes
Feéricas sensações
desvarios sentimentais
na orla do medo

Líquidos,
Cristais pontiagudos
O frio como horizonte
possível da ternura

3 de janeiro de 2007

JP Simões "1970" - Bom 2007!

"Cá dentro Inquietação, Inquietação
É só Inquietação, Inquietação
Porquê não sei, Porquê não sei
Porquê, não sei ainda

Há Sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê não sei, Porquê não sei
Porquê, não sei ainda"

José Mário Branco, "Inquietação"

Início de ano, a divulgação de um projecto singular e de grande maturidade musical.
O Novo álbum de JP Simões (Ex-Belle Chase Hotel, Ex-Pop dell' Arte, Quinteto Tati), o músico de Coimbra, agora numa carreira a solo. Um grande cantautor, escritor de canções. Este seu álbum estará a venda a partir de 15 de Janeiro. Vai ser um dos álbuns do ano! Garantidamente!
E ele faz esta brilhante versão do "Inquietação" do José Mário Branco. A ouvir!
Vão à página de http://www.jpsimoes.com e descubram a sua trajectória.