Transparência
De um sussuro apenas cai-me a madrugada
Nas falésias do sonho equilibro o desejo
cometo perjúrio na fímbria do mar
Enredado na tenebrosa bruma,
há lodo, algas e um cais de corpos
Jazem abandonados barcos velhos,
carcomidos no luar insone
Cinzas.
Afagadas nos teus dedos de púrpura
são novelos que se enredam na
occipital memória da infância
Nos livros desconexos, há paisagens
gestos rumorejantes, sentidos despertos.
Inicias a viagem ao cadafalso das tensões,
ambíguas pétalas de vozes em demasia
Postigos.
Espaços minimais e com substância.
Vida íntima, lastro gomoso e sumarento
da paixão interior, refeição substancial
Nas janelas quadriculadas, tens um sorriso
nas tuas mãos, nós disformes e doentios,
a velhice a sugar-te a alma, o amor pingando
no mel mais doce e puro dos afectos
Praia.
Deambular na areia delicodoce do teu rosto
Marulhar nos teus olhos de cobre e fogo
Mergulhar infinitamente no teu desvario