23 de novembro de 2007

Transparência

Respiro.
De um sussuro apenas cai-me a madrugada
Nas falésias do sonho equilibro o desejo
cometo perjúrio na fímbria do mar

Enredado na tenebrosa bruma,
há lodo, algas e um cais de corpos
Jazem abandonados barcos velhos,
carcomidos no luar insone

Cinzas.
Afagadas nos teus dedos de púrpura
são novelos que se enredam na
occipital memória da infância

Nos livros desconexos, há paisagens
gestos rumorejantes, sentidos despertos.
Inicias a viagem ao cadafalso das tensões,
ambíguas pétalas de vozes em demasia

Postigos.
Espaços minimais e com substância.
Vida íntima, lastro gomoso e sumarento
da paixão interior, refeição substancial

Nas janelas quadriculadas, tens um sorriso
nas tuas mãos, nós disformes e doentios,
a velhice a sugar-te a alma, o amor pingando
no mel mais doce e puro dos afectos

Praia.
Deambular na areia delicodoce do teu rosto
Marulhar nos teus olhos de cobre e fogo
Mergulhar infinitamente no teu desvario

2 Comments:

Anonymous Anónimo usou da palavra

o cantinho da poesia anda esquecido!
gerbera

27 novembro, 2007 17:21  
Blogger odeusdamaquina usou da palavra

O canteiro anda cansado, doente e com outros afazeres teatrais. Quando está em cena, o canteiro dedica-se quase exclusivamente a isso. Porque a poesia precisa de respirar e de liberdade de pensamento! Até breve!

27 novembro, 2007 19:33  

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