17 de novembro de 2011

Mais Devagar

Eu não sou a cara sorridente da vida.
Faz parte dos meus genes, a humilhação
e o mau génio de gerações

Sou o socalco embriagado do mar
e recordo a juventude com a
futilidade dos actos

Nasço a cada hora que passa
para o abrigo demasiado
do mundo

E fecho-me em copas
sempre que a vida
se ri de mim

Obrigo-me a ser insano
na diatribe iluminada
dos sonhos

Deito-me na tua cama
para morrer cada vez
mais devagar

4 de novembro de 2011

Amnésia

Amnésia.
Foi tudo o que senti.
Dores no corpo depois do acidente
quase fatal.

Quem me dera uma morte assistida
por computador.
Uma faca na carne putrefacta
da solidão.

Socorro-me das memórias
do antigamente.
O tempo rasura a minha
ausência de afectos.

Perco as linhas-mestras
do silêncio. Volto de
novo ao meu estertor
endócrino.

Deixa-me viver à vontade!

Já que nunca morri
de amores
por ti.