31 de julho de 2009

Tempo de Voltar

Voltar à labuta do suor matinal, os corpos em derrisão arriscada da vítima.
Labor do intelecto, frente à ociosidade dos dias e das luzes agitadas da noite.

Foram dias de quarto crescente. Agora estou na fase nova, dos diálogos em
surdina, do movimento síncrono e fidedigno. Deixo o hedonismo para os
adolescentes que se alienam ao telemóvel em mensagens pueris sem fim.

Apenas inconsequência e uma estação estúpida. Podiam existir mais carris
que a linha seria sempre curta para tamanho fastio. Com o som dentro dos
ouvidos, resta pouca cabeça para aprender, para ouvir quem sabe, os pais
por exemplo, ou os avós. Triste sociedade que deita ao lixo a ancestralidade,
os saberes, a experiência, o passado. Fim de texto com memória. Talvez
o silêncio, ou um ruído agudíssimo numa frequência contínua a jorrar entre
cada lóbulo simiesco. Em bolandas anda a vida campestre. Por ora, a praia.

Litoral & água quente, seria o lema destes novos conquistadores da areia
e da piscina, do caos rodoviário e do montão de gente. É o prazer dos dias
de água & sal, entre a hidratação da cinza dos dias e a hipertensão dos
caminhos sempre rotineiros. Por mim, fujo desta massa igual e anónima.

Sou feito de barro, mas só me moldo às mãos da matéria porosa e difícil,
à rugosidade na pele, ao árduo caminho do pensamento, ao deserto abafado
e incómodo. Ao fragor inquieto de uma seiva a escorrer sem fim, ao orvalho
abundante e húmido da memória, à busca sempre dolorosa das profundidades
da caverna. Do eremitério mais ácido e frio que possa alcançar. Na caverna
alegórica e fiel dos mais íntimos filosofares. É tempo de voltar, de um fôlego só.

26 de julho de 2009

Franco-Português

Da França uma capicua. Foi um silêncio bem sonoro nas planícies alentejanas.
Entre o suor e o inferno, há trabalho de equipa e lágrimas na despedida.
Até um rosto de sangue foi encontrado no meio das pedras e dos menires.

De Portugal uma certeza. Do regresso e da beleza dos corpos em surdina.
Entre uma pele branca e macia e a hirsuta barba dos homens violentos.
As obscenidades desafiam a alma das mulheres e o seu iluminado encanto.

Deste conclave Franco-Português resta a certeza do esforço e brio de todos.
No fim, a alegria da criação (como diria Zeca Afonso) e a liberdade da vida.
Da vida partilhada em grupo, comunicando emoções e afectos pela noite fora!

13 de julho de 2009

Maravilhoso Lixo

Agora é hora de arrumar o lixo. Na evasão dos sentidos, deambulo pelos
caminhos mais fáceis de caminhar. O sopro da melancolia esvaiu-se aos
poucos. Respiro agora com mais urbanidade. Neste massacre que foi o
tempo rasurado em repetições sem fim, percorri a lúgubre estrada
insone. Na pícara demasia do silêncio, um esgar inefável percorria
a sala áspera e abafada dos abraços. Todos os corpos que rastejavam
para a luz eram a simbiose perfeita de um sonho. O resto, foi uma
cerimónia com todos os presentes na alegria do risco e da vitalidade.

Todas as sombras já foram apagadas pela mimese inaudita do actor.
O perfume do dia foi consumido no dealbar da noite, entre um atroz
cansaço e uma cama macia por utilizar. De um salto, a memória retêm
o percurso feito amor, arte feita carinho e um sorriso ainda por explicar.
Por ora, é tempo de guardar as ferramentas, as aprendizagens feitas
num ritmo inefável de velocidade excessiva. Tempo agora de parar,
de pagar todas as multas. Evasão para outras margens, novos trilhos
do andarilho pobre sempre carregando no saco mais e maravilhoso lixo!

9 de julho de 2009

Cerimonial para um Massacre

Dia 12 de Julho, pelas 16 horas (repete às 18 h) a Turma de Adultos da Escola de Teatro da
Companhia Arte Viva - Barreiro, apresenta o exercício "Cerimonial para um Massacre",
de Jorge Lima Alves, que segue a estética do Teatro da Crueldade (de Artaud) e o
Teatro Pânico (de Arrabal). Apareçam pois são todos bem-vindos. Entrada Gratuita.
No Teatro Municipal do Barreiro (Centro Comercial Pirâmides - Rua Vasco da Gama).