31 de julho de 2009

Tempo de Voltar

Voltar à labuta do suor matinal, os corpos em derrisão arriscada da vítima.
Labor do intelecto, frente à ociosidade dos dias e das luzes agitadas da noite.

Foram dias de quarto crescente. Agora estou na fase nova, dos diálogos em
surdina, do movimento síncrono e fidedigno. Deixo o hedonismo para os
adolescentes que se alienam ao telemóvel em mensagens pueris sem fim.

Apenas inconsequência e uma estação estúpida. Podiam existir mais carris
que a linha seria sempre curta para tamanho fastio. Com o som dentro dos
ouvidos, resta pouca cabeça para aprender, para ouvir quem sabe, os pais
por exemplo, ou os avós. Triste sociedade que deita ao lixo a ancestralidade,
os saberes, a experiência, o passado. Fim de texto com memória. Talvez
o silêncio, ou um ruído agudíssimo numa frequência contínua a jorrar entre
cada lóbulo simiesco. Em bolandas anda a vida campestre. Por ora, a praia.

Litoral & água quente, seria o lema destes novos conquistadores da areia
e da piscina, do caos rodoviário e do montão de gente. É o prazer dos dias
de água & sal, entre a hidratação da cinza dos dias e a hipertensão dos
caminhos sempre rotineiros. Por mim, fujo desta massa igual e anónima.

Sou feito de barro, mas só me moldo às mãos da matéria porosa e difícil,
à rugosidade na pele, ao árduo caminho do pensamento, ao deserto abafado
e incómodo. Ao fragor inquieto de uma seiva a escorrer sem fim, ao orvalho
abundante e húmido da memória, à busca sempre dolorosa das profundidades
da caverna. Do eremitério mais ácido e frio que possa alcançar. Na caverna
alegórica e fiel dos mais íntimos filosofares. É tempo de voltar, de um fôlego só.

1 Comments:

Blogger Jorge Lima Alves usou da palavra

É bom ter-te de volta. Poder voltar a ler-te. Abraço

31 julho, 2009 22:55  

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