21 de outubro de 2009

Na Aldeia do Mundo

Na esfera das nuvens, a sagacidade. Um só brilho no poeirento éter.
Compotas e doces conventuais na opalina estação dos desabrigados.
Calcorreio os trilhos da Calcedónia, musa inquieta e anfíbia do desejo.
Vozes e rumores no sopé da serra, ecos rumorejantes de dor e castigo.

A neve brilha no alto da capucha de burel, trabalhos forçados na chuva
dos dias, águas revoltas na dolência da paisagem. Por hoje chega!
As mãos cortadas e calosas da sacha do minifúndio. Acender o lume,
pegar nos toros e quebrá-los com o machado na fogueira dos simples.

O corpo pede alento em vermelhas carnes animais e tintos néctares.
Mais um dia que passou e a aldeia aguarda, silenciosa, o romper de
um novo dia. O lavrador deita-se na cama de ferro, rumoreja umas
preces ao dia findo e enleva-se em sonhos diáfanos por acontecer.

Amanhã é mais um dia de frio e humidade. Nas faldas da serra,
a transumância continua a acontecer. Das Inverneiras para as
Brandas. Para a planície mais abrigada e suave. Neste Outono
de corres douradas, as folhas cantam os dias que passam.

Pastor de flauta na mão: - Agrupa o gado e calcorreia a solidão do mundo!
Só o sol te faz inveja na cara quente e rugosa de uma serenidade sem fim!

13 de outubro de 2009

Bolinhas de Sabão

Uma conversa Só. Só contigo no universo das nuvens.
Pairas na asa do sonho como cristal enternecido.
Mascaras o silêncio com a beleza do teu olhar.
Intrépido o desejo na corrente eflúvia da paixão.

Nas tuas mãos de ouro, há rotas marcadas
da inteligência, um sorriso na aura do sonho
e as cartas na mesa de adivinhações sem fim.

Perscruto agora o afago delicodoce do teu corpo,
o teu perfume em surdina chamando o mar e
a melopeia inquieta da minha voz tisnada.

Entre o equilíbrio e a catarse, há entropia no
mundo, mas em ti, apenas os poderosos Budas
que alcançam o sublime encantamento da paz.

Perante a tua ausência, rabisco silabas da solidão.
Entre as frases, o desejo e a fortuna sibilinas.
Prefiro a presença ambulante da paisagem,
com o sereno afago quente da troca dos afectos.

12 de outubro de 2009

A Lição do Mestre

Estreia dia 17 de Outubro, no Teatro Municipal do Barreiro, o espectáculo
"A Lição do Mestre", de Eugène Ionesco. Dois textos absurdos, mas que
nos fazem pensar sobre a sociedade actual. Entre a massificação cultural
e social e a perversidade dos poderosos, que retiram toda a possibilidade
de voz, a quem já quase não tem voz nenhuma!
Uma produção da ArteViva - Companhia de Teatro do Barreiro
Sempre aos Sábados e Domingos, pelas 22 horas. Em cena até 20 de Dezembro.
Contactos para reservas: 21 206 08 60
Teatro Municipal do Barreiro - Centro Comercial Pirâmides, Rua Vasco da Gama
Barreiro