21 de outubro de 2009

Na Aldeia do Mundo

Na esfera das nuvens, a sagacidade. Um só brilho no poeirento éter.
Compotas e doces conventuais na opalina estação dos desabrigados.
Calcorreio os trilhos da Calcedónia, musa inquieta e anfíbia do desejo.
Vozes e rumores no sopé da serra, ecos rumorejantes de dor e castigo.

A neve brilha no alto da capucha de burel, trabalhos forçados na chuva
dos dias, águas revoltas na dolência da paisagem. Por hoje chega!
As mãos cortadas e calosas da sacha do minifúndio. Acender o lume,
pegar nos toros e quebrá-los com o machado na fogueira dos simples.

O corpo pede alento em vermelhas carnes animais e tintos néctares.
Mais um dia que passou e a aldeia aguarda, silenciosa, o romper de
um novo dia. O lavrador deita-se na cama de ferro, rumoreja umas
preces ao dia findo e enleva-se em sonhos diáfanos por acontecer.

Amanhã é mais um dia de frio e humidade. Nas faldas da serra,
a transumância continua a acontecer. Das Inverneiras para as
Brandas. Para a planície mais abrigada e suave. Neste Outono
de corres douradas, as folhas cantam os dias que passam.

Pastor de flauta na mão: - Agrupa o gado e calcorreia a solidão do mundo!
Só o sol te faz inveja na cara quente e rugosa de uma serenidade sem fim!

1 Comments:

Blogger a saber usou da palavra

estas e outras palavras "construídas" merecem mais do que este blogue. sem dúvida {}

23 outubro, 2009 21:52  

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