28 de novembro de 2012

Nesse Lugar Secreto

Há nesse lugar secreto da solidão
uma esteira para o descanso dos
sentidos, pétala amarga e exangue
de um beijo petrificado de amor

Agora que regressas ao pó do deserto
para que a infâmia do teu corpo seja
finalmente expurgada do mal inquieto
que te acompanha, traças uma rota
indefinida, tacteando na areia a
morte mais que provável dos afectos

Foi nas dunas que sucumbiste ao calor
e nessa rarefacção das palavras só
conseguiste pronunciar um ditongo
coevo e audível na lisura da vida
Mal chegaste à filigrana dourada
do desejo e já partiste para uma
memória insípida da existência

Despedi-me com denodo e acenei
aos ventos do Suão até à próxima
visita em funestas deambulações
Enrolei a esteira e fiz-me ao mundo
O amor já fazia sentido na orla do mar

11 de novembro de 2012

Obituário

Perece lentamente o silêncio no habituário insalubre da saudade
Preces lentas no silente arbitrário e insensato do soldado
Parecem lentes silenciosas no hábito insano e salgado
Precedes lenta a selene e obituária insegurança da saúde