26 de outubro de 2011

Lovebirds

Tenso,
o olhar rarefeito na paisagem,
a medíocre bonomia da virtude,
e as pétalas quebradas no arpão
silente e mordaz do mundo

Quebro,
a parietal árvore carcomida
nas pulsões incongruentes
da maresia insone

Nada diz faz sentido
nem quer fazer
são palavras a armar-se
ao pingarelho das estrelas

Rio nefasto e poluído
catarses e cataratas
na margem lívida
de pranto e dor

Só agora percebo
os instantes do mar
e o solstício de um
rumor amargurado

Na frugalidade do
abraço, há mais
dedos que anéis
na refeição diária
de um beijo doce

Sumo no deserto
tisanas do olhar
e a concreta aridez
das estâncias termais
plenas de enxofre no ar

Uma folha de hera
num dissimulado limbo
de ouro e prata
Azedume polar no
frio pólo dos afectos

E agora escorrer o mel
da virtude na enseada
reclamada de dúvidas
Um mar sonhado a
beijo e sorrisos

Pássaros deambulam
levemente na areia
salgada e chilreiam
os apetites solares
dos voos permitidos

Descansar as asas
no ninho afável
do amor, em
silêncio pacífico.

Exacta a palavra da anuência dos olhares.