Em busca de Amor
Sinto sempre o amor a esvair-se-me dos dedos
escorrendo goela abaixo até se enlamear na minha loucura
Falta sempre algo, despudoradamente apócrifo e insalubre
O amor não existe! É ilusão cómica à la Corneille,
é espúrio sentimento em busca da salvação da solidão.
O que existe és tu. Existo eu, existem inúmeros seres
na multidão perambulando em inúmeras direcções.
Apanho o barco, o comboio e o metro para te salvar.
Mas não consegui. Já era tarde, os bares tinham fechado
à tua passagem. Parti umas garrafas contra o velho edifício,
só para poder soltar o meu frenesi intenso. Chorei baba
e ranho, dormitei na laje fria da estátua e acordei
aos primeiros chilreios dos pássaros.
Fui à tua procura. Em todas as caves nauseabundas
em todos os precipícios do mar, nas pontes
escanzeladas, mas nada. Só um fragor do teu olhar
e um abraço sonhado. Arrastei-me pela metrópole,
bebi cervejas sem parar, até que te vislumbro,
já sem esperança alguma, em redor das minhas
pernas, minha gata anódina e feliz, entaramelando
conversas com desconhecidos.
Minha gata, de seu nome Amor, famigerada e perversa calmaria
para as minhas dores de peito, meu remédio diário
a que não posso nunca falhar. Por favor, Amor:
- Não me fujas mais! Ela ronrona o seu charme
e quedamo-nos abrigados, na luxúria da noite
a fumar, a beber e a dizer poemas um ao outro.
escorrendo goela abaixo até se enlamear na minha loucura
Falta sempre algo, despudoradamente apócrifo e insalubre
O amor não existe! É ilusão cómica à la Corneille,
é espúrio sentimento em busca da salvação da solidão.
O que existe és tu. Existo eu, existem inúmeros seres
na multidão perambulando em inúmeras direcções.
Apanho o barco, o comboio e o metro para te salvar.
Mas não consegui. Já era tarde, os bares tinham fechado
à tua passagem. Parti umas garrafas contra o velho edifício,
só para poder soltar o meu frenesi intenso. Chorei baba
e ranho, dormitei na laje fria da estátua e acordei
aos primeiros chilreios dos pássaros.
Fui à tua procura. Em todas as caves nauseabundas
em todos os precipícios do mar, nas pontes
escanzeladas, mas nada. Só um fragor do teu olhar
e um abraço sonhado. Arrastei-me pela metrópole,
bebi cervejas sem parar, até que te vislumbro,
já sem esperança alguma, em redor das minhas
pernas, minha gata anódina e feliz, entaramelando
conversas com desconhecidos.
Minha gata, de seu nome Amor, famigerada e perversa calmaria
para as minhas dores de peito, meu remédio diário
a que não posso nunca falhar. Por favor, Amor:
- Não me fujas mais! Ela ronrona o seu charme
e quedamo-nos abrigados, na luxúria da noite
a fumar, a beber e a dizer poemas um ao outro.
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