21 de março de 2018

Poesia?

Poesia?
Que se foda a poesia
o teatro e todos os livros

Eles nunca me ensinaram
a morrer
nem a crescer saudável

A arte não serve para nada
a poesia só me consome
por dentro
e rói, rói
como bicho álacre
e sedento

E eu fico num pranto
por nunca ter escrito
um poema esdrúxulo

Por isso
abomino a poesia
e o amor
e a saudade
e o calor

das fonéticas apetecíveis
dos ditongos exagerados
do silabar dos teus lábios
dos vocábulos enamorados

Não, poesia
não me vais vencer
vou-te jogar
na sarjeta do esquecimento

E partir, sem norte
rumo ao torpor
da aldeia mais esconsa

Para morrer em paz