24 de dezembro de 2014

O meu Cérebro não tem Cor

O meu cérebro não tem cor
pressente os precipícios do mundo
e na diáfana modorra dos dias
hiberno na melancolia mais suave
do que um beijo delicodoce

Espera-me a morte e a desolação
dos livros inquietos, paisagens por
devorar na occipital certeza do fim

Da minha massa cinzenta
pasta gordurosa e insípida
apaguei todos os sorrisos
nos rostos condescendentes
e alarguei o prazo do universo
pútrida crosta em perene
transformação. Só eu me quedo
nas protuberâncias da carne
na destreza do olhar vivo.

Mas já risquei todas as cores
possíveis, deduzo que por pura
dolência, nos eflúvios do pranto
corre ainda, exangue, a linfa
da desilusão e da inquieta
mente em dissolução ácida
no fermento álacre da vida.