Tempo
Já era tempo de dizeres alguma coisa! Já era tempo de responderes às
inquietações do universo. Foi o tempo das amoras e dos lírios. Foi-se o
tempo perdido na areia salgada da saudade. Ainda é o tempo dos sonhos e
dos sorrisos. Ainda é a hora para o tempo dar tempo ao tempo. Ainda te
escrevo para adiar o inevitável. A minha partida, ali como aqui. O
desenlace de uma estória sem princípio, mas destinada a não ter fim. O
tempo é uma ampulheta que escorre no coração dos amantes. O tempo não
existe. É uma falácia libidinosa, para assistir ao engano de que estamos
vivos.
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