19 de outubro de 2012

Quando Morre um Poeta

Quando morre um poeta
fecham-se as palavras
como que envergonhadas
da sua serena solidão

As palavras, esse enigma do mundo,
balbuciam ao poeta a claridade
do momento de inebriamento
dos sentidos da vida fugaz

Mas é na morte que as palavras
se escondem, para recomeçarem
o seu uso na ancestral memória
dos caminhos por desbravar

Os poetas, esses criadores de mundos,
murmuram às palavras sonhos pela
madrugada fora, o desejo da eterna
mácula nos livros de desavergonhada

existência.


Para Manuel António Pina