11 de março de 2012

Quadras Soltas

Uma súbita dor cava na mental exigência de se ser
ficar tolhido na casa de Inverno do luto de te ter
uma agonia assaz profícua no cerebelo da memória
prender as amarras do meu cais no teu barco ancorado

Andar de peito erguido e braço ao vento, levantado
para as musculaturas daquilo em que acreditamos
e exasperados pela noctívaga estação dos sentimentos
arrastamos a perfídia na saliva infinita das preces ruidosas

Ficar dorido no chão depois das botas cardadas
pisarem toda a aventura do acreditar em nós
ilusões imperfeitas, mas puras na raiva à solta
pelas pedras da calçada suja, cuspida e sangrada

E por lá ficamos, exangues, a estancar a solidão
sem remorso nem dúvidas do percurso traçado
mas inquietos pois é hora de levantar de novo
e soerguermo-nos na rua larga da esperança

Abraças-me e de seguida dás-me um beijo
prenhe de sangue, suor e sal. Um juramento
de irmãos na melodia agora doce do futuro.
Caminhamos agora sem rumo, silêncio afora.