7 de março de 2012

Ave-do-Paraíso

Como um pássaro que de mansinho voa
ela vai para os braços de Morfeu, em
Helénicos sonhos e amores gentis

E aos poucos, nesse vale de memórias,
espraia-se na hidrólise da matéria que
a abraça em novelos ondulantes

Como beija-flor, periquito, pombinho
delicado e doce, que chilreia no
meu ouvido uma música de encanto

ela esvoaça a inteligência sensorial
nos trajectos circulares da arte
e regista em imagens os delírios

E deixo-me embalar na toada
discreta e serena desta ave
sensível e mais-que-perfeita

no pretérito verbal da paixão
pela escrita imutável e fiel
no mais sereno silêncio.