Tempo Demais
Estive tempo demais sem te ver, sem te sentir
fortuna do tempo
Perscrutei na noite a insidiosa fonética larvar
do teu ventre
E enquanto ruborizavas no cálido divã dos afectos
eu prostituía-me numa ruela esconsa e prenhe de vícios
Deixei-te ir embora sem pestanejar e balbuciei apenas
o desejo intenso de te amar numa avenida só de peões
Mas este tempo é o do rancor e do silêncio, da perfídia
inconstante, em que as margens deixaram de ter alegria
E neste mar de gente imensa e solitária, um corcel
endiabrado pode ser a salvação do mundo
e a morte do artista em traços pintados a grosso
Seguro agora na paleta em que me enrodilhaste
e misturo os matizes do abandono na tua veia
exangue e aberta ao óleo sobre a tela da paixão
Já o amor é uma técnica mista em que rasuras
o preparado e juntas todos os ingredientes que
possas abarcar, em círculos concêntricos sem fim.
Voltei de novo àquele bar de prostitutas e vagabundos
onde o fumo queima a garganta e o álcool tresanda
nos corpos e no chão carcomido da sala decadente
Estive tempo demais sem te ver, sem te curtir
fortuna do tempo
Perscrutei no dia a lúgubre semântica solar
do teu corpo
E embandeiro em arco na dionisíaca casa-mãe da vida
enquanto o teu saber apolíneo me atrai e atemoriza
Chegamos finalmente ambos a acordo:
a maresia do tempo que se esvai na ampulheta dos sonhos
é o nosso destino final e fatal para compreender o amor
fortuna do tempo
Perscrutei na noite a insidiosa fonética larvar
do teu ventre
E enquanto ruborizavas no cálido divã dos afectos
eu prostituía-me numa ruela esconsa e prenhe de vícios
Deixei-te ir embora sem pestanejar e balbuciei apenas
o desejo intenso de te amar numa avenida só de peões
Mas este tempo é o do rancor e do silêncio, da perfídia
inconstante, em que as margens deixaram de ter alegria
E neste mar de gente imensa e solitária, um corcel
endiabrado pode ser a salvação do mundo
e a morte do artista em traços pintados a grosso
Seguro agora na paleta em que me enrodilhaste
e misturo os matizes do abandono na tua veia
exangue e aberta ao óleo sobre a tela da paixão
Já o amor é uma técnica mista em que rasuras
o preparado e juntas todos os ingredientes que
possas abarcar, em círculos concêntricos sem fim.
Voltei de novo àquele bar de prostitutas e vagabundos
onde o fumo queima a garganta e o álcool tresanda
nos corpos e no chão carcomido da sala decadente
Estive tempo demais sem te ver, sem te curtir
fortuna do tempo
Perscrutei no dia a lúgubre semântica solar
do teu corpo
E embandeiro em arco na dionisíaca casa-mãe da vida
enquanto o teu saber apolíneo me atrai e atemoriza
Chegamos finalmente ambos a acordo:
a maresia do tempo que se esvai na ampulheta dos sonhos
é o nosso destino final e fatal para compreender o amor
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