25 de setembro de 2011

Escrita Permanente

Há sempre um tempo para o descanso, para a pausa dos desejos.
Pelo contrário, os sentidos foram chamados a responder mais e
mais, na diatribe das imagens, dos cheiros e dos lugares.

Senti o hálito da morte, no pranto acérrimo do teu olhar.
Morte num hiato, obuses e palavras a metralhar o ódio.
Destila-se a angústia em escombros sem fim, no vale fértil.

Nas serras, por outro lado, o fresco e o perambular
nas sombras da fantasia. É calma a noite no afago
de amor com que me estranhas. Nas entranhas
do teu corpo, o sexo em doses regulares.

Destaco em papel autocolante as parangonas da saudade
Os carros perambulam em matrículas estrangeiras e
eu semicerro os olhos à saloiice afrancesada

Nesta oralidade abundante, há outrossim uma
difusão acelerada de lugares-comuns, na
aldeia mais incomum de existência humana

São víveres nos lugarejos mais acidentais
da memória humana. Decididamente, este
não é o tempo para a escrita permanente.