Carta Só
Das estórias que mais me comovem, são aquelas em que inusitadamente, encontro pedaços de felicidade por aí. Como grãos de areia na imensa praia ao nosso dispor. Como saborear um pouco de canela em pó no meu arroz-doce da saudade.
Amor, tenho-o aos molhos, como a salsa. Nessa sopa dos afectos, além dos abraços e dos beijos, a comunhão. Partilha de emoções, de dúvidas e desejos. Um dia ainda me apaixono por um espelho quebrado. Mas até lá, nuvens na minha face ruborizada. De tão afoito que o meu corpo é, no meio do palco da comunicação.
São estórias confusas, dir-me-ás tu, são palavras difíceis na surdina dos vocábulos agrestes, indagarás tu, na ausência de perfil em que te encontras. Desdenho acordos ortográficos, pois fazem-me sentir estúpido no estiolar dos meus sonhos de criança. Quero tratar o bem por tu. Quando eu era velhinho, batia às portas de casa à espera de um doce, sim, porque sempre fui muito guloso. Dizia: "Ó tia, dá bolinho?" E a senhora, ou dava-nos um doce, ou então dinheiro. Sempre preferi algo palpável, que pudesse ingerir no imediato. A gulodice anciã tem destas coisas.
Mas um dia, serei um neófito e descobrirei todas estas palavras difíceis no dicionário da memória. Aprenderei a amar com sentido, sem perambular nas vicissitudes do ciúme e do ódio, do horror e da morte, da pulsão eloquente e mordaz. Um dia hei-de testar-te, pegar na placa de Petri e fazer um esfregaço. Agitar o tubo de ensaio dos teus olhos na praia salgada da felicidade. Depois disso, percorrer o mundo, a pé, ao pé dos limites do tempo. Bater recordes de apneia no pulmão efémero da viagem. Trilhar a má-sorte na enseada dos sonhos. Quando regredir para miúdo, quero só para mim uma gota do elixir da infernal gerontologia. Acabo por ficar só...ssegado, na minha pequenez existencial.
Amor, tenho-o aos molhos, como a salsa. Nessa sopa dos afectos, além dos abraços e dos beijos, a comunhão. Partilha de emoções, de dúvidas e desejos. Um dia ainda me apaixono por um espelho quebrado. Mas até lá, nuvens na minha face ruborizada. De tão afoito que o meu corpo é, no meio do palco da comunicação.
São estórias confusas, dir-me-ás tu, são palavras difíceis na surdina dos vocábulos agrestes, indagarás tu, na ausência de perfil em que te encontras. Desdenho acordos ortográficos, pois fazem-me sentir estúpido no estiolar dos meus sonhos de criança. Quero tratar o bem por tu. Quando eu era velhinho, batia às portas de casa à espera de um doce, sim, porque sempre fui muito guloso. Dizia: "Ó tia, dá bolinho?" E a senhora, ou dava-nos um doce, ou então dinheiro. Sempre preferi algo palpável, que pudesse ingerir no imediato. A gulodice anciã tem destas coisas.
Mas um dia, serei um neófito e descobrirei todas estas palavras difíceis no dicionário da memória. Aprenderei a amar com sentido, sem perambular nas vicissitudes do ciúme e do ódio, do horror e da morte, da pulsão eloquente e mordaz. Um dia hei-de testar-te, pegar na placa de Petri e fazer um esfregaço. Agitar o tubo de ensaio dos teus olhos na praia salgada da felicidade. Depois disso, percorrer o mundo, a pé, ao pé dos limites do tempo. Bater recordes de apneia no pulmão efémero da viagem. Trilhar a má-sorte na enseada dos sonhos. Quando regredir para miúdo, quero só para mim uma gota do elixir da infernal gerontologia. Acabo por ficar só...ssegado, na minha pequenez existencial.
1 Comments:
Avante (sempre gosto da palavra)Avante
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