12 de julho de 2011

Salsugem dos Dias

São Torpes senhor, as palavras que me dissestes junto à praia.
Naquela enseada, jurámos a pés juntos não nos massacrarmos
nos subúrbios do mar. A falésia ruiu por compaixão aos eternos
amantes da melancolia. Foram as mais dúbias preces que me
soletraste ao meu ouvido insano de tanto peregrinar nos dóceis
labirintos do prazer. Amor nodal em melopeias sem fulgor.

São os sinais que depois vimos em Sines, que nos fizeram rumar
a esse Porto, âncora de uma Ilha no fruto sazonal das bocas roedoras.
Há um lugar Côvo na tua boca silenciosa. E um murmúrio de dor.
Nessas palavras ditas na surdina do presente, amarras a nau da
tua vida aos acasos que te fazem partir, rumo à solidão embriagada.
Por hoje perdoo-te, nas arribas frágeis da minha memória salgada.