Passageiros em Casa
Caminhos. Traços riscados na maresia do tempo. Um encontro infinito no mar.
Na soturna roda dentada da vida, vislumbras a falésia, azenha reescrita na
intrépida viagem em que embarcas. Partes desde os flancos da Ocidental
memória, até ao mais secreto lugarejo de África. Diante dos teus olhos, um
oásis pleno de silêncios. Choras secretamente e sem pudor na noite de estrelas
cintilantes. Estás perdido há longas jornadas, mas reencontras-te finalmente.
Sabes que o teu lugar sempre foi aqui, como outros, na filigrana do mundo.
Percebes o que te quero dizer, quando digo que o silêncio é o futuro? E que
o presente é um ruído enganoso, uma melopeia breve e intensa, cheia de
atavismos e grãos de areia na memória? O presente é insidioso, fácil e resplandecente.
Brilha na ociosidade do mundo. O presente é sedutor e acalenta a nossa vã esperança
do eterno. O presente brinda-nos com o fulgor energético da vivência. O aqui e agora
é uma brisa que sopra alarvemente na cabeça dos humanos, que tem a soberba de
recusar todas as outras hipóteses. Sem ele, mais ninguém. O presente é um bicho
solitário e inconsequente. No presente morre-se sempre. O presente é um não-lugar.
Anotei no meu diário de bordo, o fim-de-linha da viagem. Perscrutei no futuro as rotas
possíveis. Dilemas por resolver no percurso em que decido embarcar. Uma vida náufraga
na procura do invisível, as marcas no chão do silêncio pacificador. Diz o provérbio turco:
"Antes de me amares, tens de aprender a correr na neve sem deixar pegadas". Sem
o rasto do cansaço acumulado no limbo das paixões, sem a vaidade occipital dos
eufemismos. Com toda a graça do glaciar de Aletsch, subir e deixar-se envolver no
mundo sensível, sem olhar para trás e sem deixar visíveis marcas de arrependimento.
A viagem das nossas vidas é só de ida e o gelo derrete-se na ausência dos afectos.
Sempre foi assim e o percurso vai de etapa em etapa, até ao prémio de montanha
em que podemos finamente respirar o ar rarefeito da criação do pensamento.
Finalmente, a hora da dança em narrativas por desbravar, estórias marítimas de
andanças e casa-abrigo do nosso eu. Somos passageiros. Andamos a descobrir
qual a casa de cada um. No horizonte vasto da felicidade.
Na soturna roda dentada da vida, vislumbras a falésia, azenha reescrita na
intrépida viagem em que embarcas. Partes desde os flancos da Ocidental
memória, até ao mais secreto lugarejo de África. Diante dos teus olhos, um
oásis pleno de silêncios. Choras secretamente e sem pudor na noite de estrelas
cintilantes. Estás perdido há longas jornadas, mas reencontras-te finalmente.
Sabes que o teu lugar sempre foi aqui, como outros, na filigrana do mundo.
Percebes o que te quero dizer, quando digo que o silêncio é o futuro? E que
o presente é um ruído enganoso, uma melopeia breve e intensa, cheia de
atavismos e grãos de areia na memória? O presente é insidioso, fácil e resplandecente.
Brilha na ociosidade do mundo. O presente é sedutor e acalenta a nossa vã esperança
do eterno. O presente brinda-nos com o fulgor energético da vivência. O aqui e agora
é uma brisa que sopra alarvemente na cabeça dos humanos, que tem a soberba de
recusar todas as outras hipóteses. Sem ele, mais ninguém. O presente é um bicho
solitário e inconsequente. No presente morre-se sempre. O presente é um não-lugar.
Anotei no meu diário de bordo, o fim-de-linha da viagem. Perscrutei no futuro as rotas
possíveis. Dilemas por resolver no percurso em que decido embarcar. Uma vida náufraga
na procura do invisível, as marcas no chão do silêncio pacificador. Diz o provérbio turco:
"Antes de me amares, tens de aprender a correr na neve sem deixar pegadas". Sem
o rasto do cansaço acumulado no limbo das paixões, sem a vaidade occipital dos
eufemismos. Com toda a graça do glaciar de Aletsch, subir e deixar-se envolver no
mundo sensível, sem olhar para trás e sem deixar visíveis marcas de arrependimento.
A viagem das nossas vidas é só de ida e o gelo derrete-se na ausência dos afectos.
Sempre foi assim e o percurso vai de etapa em etapa, até ao prémio de montanha
em que podemos finamente respirar o ar rarefeito da criação do pensamento.
Finalmente, a hora da dança em narrativas por desbravar, estórias marítimas de
andanças e casa-abrigo do nosso eu. Somos passageiros. Andamos a descobrir
qual a casa de cada um. No horizonte vasto da felicidade.
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