15 de abril de 2011

Há um Poema Sonhado

Há um poema sonhado por dia na madrugada da minha solidão
Há fósforos e navalhas a brilhar no luar insone da loucura

cumpre-se agora o esforço hercúleo da caminhada sonhada
há palavras activas que são agitadas pelos sonhos da maresia

queria uma palavra de sonho na tua boca esfaimada de amor
tenho um ardente desejo de vocábulos sincopados no rendilhado
mais doce e suave dos afectos

dispo-me agora na imensidão da noite, carne putrefacta
na demanda do silente afago no quebranto das horas

Há, mas são verdes as paisagens do teu rosto
nele, fotografo os montes mais paradisíacos,
a foz dos teus cabelos roçando a minha seca pele
do viajante solitário, rio de lava e espanto
nos meus braços inseguros.

Houve amor na cabana dos teus olhos
do teu nariz fiz a nossa lareira ardente
e no planalto da tua testa, caminhámos
de mãos dadas até ao fim dos tempos
chegámos ao fim das nossas bocas
como água cristalina, sorvida em
longos tragos por sedentos corpos.