12 de abril de 2011

Exegese Epistolar

 Serve esta epístola aos valentes, para consagrar a bonomia do gesto.
Que se ancora na palavra não dita. O desejo nas flores do corpo.
Extintores para a combustão das horas. E do sal na boca se faz os dias.

Foram dias e anos sem estar contigo, como com tantas pessoas com quem não mais estive,
outras que nunca mais verei, outras que as reencontrarei nos hemisférios do silêncio.
Outras com quem nunca estive, nunca estarei, nunca conhecerei, com tigo, sem tigo.
Sem ti do, sem ti dó, sem ti dói, sem ti. Que sentido farei eu, sem tigo? Sem Tiago.
Sã Tiago de Composto por ela. Na Galiza da vizinha, que é sempre melhor que a minha.

Dos meus dias, apenas a anódina torção dos corpos em massagens suaves.
Ruído sereno em trilhos crepitantes. Muitas pausas no discurso do músico.
Apontar baterias para a energia infindável da melancólica estação das águas.
Tulipas na Holanda e cactos no México. O que era apenas uma epístola aos
Hebreus, cresce agora para uma demanda pelas fronteiras do mundo.
Na Bélgica, a cerveja e na Suíça o chocolate. Em ambos, as bicicletas.
Que por fim entregam a missiva, na missão urgente de te acomp'amar.