15 de janeiro de 2011

Um Selvagem ao Piano

Indecifrável a safra do tempo
Dói-me a íris de tanto sangue pisado
Calcorreei matos e escondi-me nas searas
O fuzil era a única salvação do corpo exangue

Na baioneta dos escombros, a madressilva
Pianos ínfimos prolongam a ânsia do vento
Há um rumorejar de ossos no baú dos esquisitos
Estiola-me a pele de tanto sal e sol no rosto

Bafiento, o lume. Pedras em volta da fogueira
Uma sagaz vaidade de perder-me nu na enseada
E os peixes nadam à tona das ondas em busca de ti

Exalo o hálito dos navegantes perdidos na ilha
estou deserto por te encontrar, nuvem andrajosa
e cuspidora de bátegas tépidas na minha boca dispersa