8 de outubro de 2010

Quisera eu...

Quisera eu ter a sabedoria dos homens de antanho.
Não passo do vulgo e raso chão daninho da vida.
Quisera eu ser a palavra sincera e humana.
Não sou mais que o silêncio da mentira.

Tenho a sorte de olhar para uma sensibilidade anciã e amada.
São carinhos que afagam a minha solidão desabrigada.

Quisera eu ser uma pedra e poder ser durável.
Quisera eu o mais puro e feliz dos amores.

Não mereço mais que a nuvem carregada sobre mim.
A chuva demorada e quente nos meus olhos.

Recebido no regaço de um novo lar, silêncio bom em mim.
O acordar em surdina da paisagem feita contemplação.

No verde mar do teu horizonte, a baía dos prodígios.
Na neblina em que me encontro, o cabo das tormentas.

Quisera eu o melhor dos mundos, para ti.
Uma palavra doce, para misturar com o teu chá de tília.

Na quimera do ouro dos corações apaixonados,
uma quimera de prata na sala de jantar dos amantes.

Ficas com a medalha de bronze deste sofisma da memória.
Eu, com a de latão da mais velha e pobre sucata abandonada.