9 de setembro de 2010

Percursos ConSentidos

O olhar em surdina. Cacos e berlindes na efígie ancestral do mausoléu sagrado.
Na civitas, uma figura intrépida. Sempre a observar-nos, nos nossos denodados
passos. Apesar do frio e da fome, calcorreámos essas ruínas abandonadas.
Sem medo, cirandámos pela bolina da noite. Nesse mar de apertos e de fugas,
uma árvore, no fojo dos amantes. Encontramos o trilho da vida e seguimos viagem.

O canto de um cisne em redor dos silvos lancinantes de uma víbora do campo.
Fugir dali a toda a brida, de mãos dadas e com os sentidos bem alerta. Agora
o medo estava em nós. Depois de muito corrermos, chegámos à beira de um lago.
Pausa para refrescar e acalmar de tanta adrenalina gasta. Sorver a água do mundo,
falar e rir das aventuras, quais príncipes encantados. Uma bifurcação para avançar.

Tactear por entre as pedras no crepúsculo. Ouvir os nossos passos por entre a calçada
romana. Sorver umas bagas pelo caminho do futuro. Amar e beijar nos entreactos.
Sem mais temores, a conversa afável, a lua cheia de esperança no teu olhar. E os
odores das ervas aromáticas, dos nossos corpos, com o apoio da beneplácita natura.
Sabemos ambos que agora o caminho faz-se caminhando. Não olhámos mais para trás!