12 de agosto de 2010

Chamas da Memória

E agora, que tudo começou? Em que faldas me remeto para a convulsão dos sentidos!
Sinto a pele a queimar e a estiolar-se nas cinzas dos exegetas do silêncio. Sofro na
mais nebulosa inexactidão dos olhares e dos cânticos ao luar. A labareda insone
percorre o meu limbo prenhe de lágrimas na raiva em que me encontras. Dás-me
a mão e percorremos o sopé da serra em demanda pela paz. Tal como aqueles
soldados, extenuados e inalando horas de mãos criminosas. Um horror de ser
humano, para abafar o sentimento do amor pelo mais verde pulmão que abraço.

E por fim, que palavras tenho para te dizer? A minha vergonha esconde toda a
erudição das palavras inauditas que apenas consigo sussurar. Há um sopro de vida
que ainda resta em ti, voa em direcção às estrelas e chama as nuvens para o mais
solene extinguir de fogos-fátuos da memória. O dia em que o teu sorriso abriu as
portas da capela mais isolada da Serra. Lá, depois de nacaradas as flores mais
silvestres, aprendeste a medir a altitude em que te encontras. Desces, sem pressa,
depois da tormenta inflamável que vivemos e abraças um canto dulcíssimo no meu olhar.