7 de julho de 2010

Escrita Automática

Sobranceira a canseira. Na tijoleira dos afectos, um lume aceso na paisagem. Na margem
acintosa, a flor cheirosa. Medusa, aranha ambulante e o tonitruante carro na deriva
sentimental. Na marginal dos trajectos, a alfarroba. Alfa e Beta-Caroteno do desejo.
Príncipes e fadas, fraldas e tralhas. Encontrei um acaso no ocaso da tua vida. Agora, colora
a fronte da saudade em pálidas inquietações. Os sões e as sezões, nos verões occipitais e andrajosos. Por causa da bonomia insondável das marés, as oliveiras partem-se em cacos e
na estrada dos amantes há florestas virgens por desbravar. Percorro agora o silêncio feérico e transmutado em árvore derrubada e queimada. Um pássaro bisnau que grita au! au! No pau
da bandeira sedosa, há corpos em demandas insondáveis. São inevitáveis os olhares e as fugas. Na conquista da pista, risca a preciosa e gulosa anisada carregada de calhaus e erva-moira. És uma toira que loira a fogosa juventude. Parcas fontes nas frontes enviesadas da dúvida. Na metódica aparência dos gérmenes e dos sais tudo é mais perfeito na salsugem das covas e das ovas em flor. Na primavera de destroços que é a carne, há pútridas armadilhas no convés da neblina ausente. Pois se agora sou um louco ensimesmado, fico entusiasmado com a orgia de nenúfares e polinizações acorrentadas na perfídia do mar.