20 de junho de 2010

Par'ti, Saramago.

Estou de luto. A rocha sólida onde te agarravas, cedeu
e por ora, uma raiz nua e tombada, um rábano-silvestre coeso.
Essa planta, Saramago de seu nome, espraia-se por
esse país fora, entre pétalas e sílabas acariciadoras,
preces sem fé nem lei do mais forte. Apenas ecos,
rumores de uma madrugada quente e lânguida, rios
sem foz onde espraiar a inclemência da pontuação.
Tudo segundo o Evangelho, em que Jesus Cristo é
o senhor de Todos os Nomes. Por ora, todos os
seres serão Levantados do Chão dos infernos
temerários e conspurcados pelo dislate da
acefalia Romana-Católica e Apostólica. Numa
terra seca e agreste, não há deuses que resistam
à profusão de seca, suor, sangue e lágrimas de
uma vida feita acre, pó e solidão. O Alentejo não
é para todos e o Ribatejo é feito para todas as
plantas brandas e silvestres que crescem nas
Azinhagas destas margens da vida. Quero uma
Jangada de Pedra em forma de Península Ibérica
para abraçar a dor de partires sem mim. Até Breve!