18 de junho de 2010

Este Cansaço que me Alumia

Este cansaço que me alumia é o facho atónito das horas em que quero viver.
Depois, na rota dos navegantes, há solstícios e partidas, escorbuto e diarreia.
Por isso nado à tona, no ensejo de te ver. Foco o teu corpo desabrigado na
enseada dos sonhos e naufrago na rocha da solitária esperança dos amantes.

Essa sageza que de mãos abertas me mostras é um oceanário de eflúvios
e marés de perspicácia. Tenho algas nos pés e um corpo exangue por decompor.
Cresço na falésia mais remota da baía ancorada na memória, pérola aberta
na orla dos sonhos. Fecho a gaveta e durmo na insone perfídia do tempo.