18 de janeiro de 2010

Speed Invulgar

Tem de estar no teu corpo. A nódoa.
Num frémito breve e intenso, o meu olhar, carcomido de desejo.
Um suor insuportável de te agarrar no ar e dilacerar-te a boca insone.
Perco-me nas tuas entranhas e os teus sapatos tresandam a verniz alucinado.
No chão dos afectos há um tapete que voa pela estrada fora.
Parto um copo e lambo o chão com demasiada insistência.
Sou o teu alarve cão de tendências masoquistas.
Espreito pelo buraco da fechadura e lá estás tu, recitando em voz alta Rimbaud e os seus desconsolados amores.

Fecho-me numa casa de banho qualquer, afogo-me no mar de magnólias do teu rosto e perscruto em silêncio, as tuas palavras em surdina:
- Dá-me um halo de sangue e dor. Frenesi animal nas lágrimas amargas do teu beijo.
Serpente venenosa do mundo. Endiabrada espécie de proto-poeta voraz.
Sacode-me no meu leito os cabelos de ouro e espuma, dá-me um abraço apertado e respira a simbiose da vertigem.
Demasiado cedo fiquei confinado à tua teia penetrante e delicodoce.
Só me restava aguardar, sorrindo, o teu golpe fatal.

1 Comments:

Blogger Jorge Lima Alves usou da palavra

Gosto muito. MUITO.

27 janeiro, 2010 12:31  

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