23 de janeiro de 2010

Das Imagens e seus Corpos Diletantes

Os corpos jazem abandonados, no meio das ruas. Sacodes a esperança no cheiro nauseabundo.
Depois da modorra de mais um dia cinzento, entras-me pela casa, completamente embriagada.

Fazes de conta que me amas, bates no meu peito e choras abundantemente. Que a culpa é
toda minha. Cirandas pela casa, enquanto o pó e a sede se misturam em feixes de luz bem
claros e corriqueiros. Nada mais interessava para ti, querias mais um copo e agredir-me
verbalmente. Era a tua luta, um pouco de atenção da minha parte, um pouco de sexo, de
paixão, de vitalidade! Estava perdido no oceano de emoções. Queria beijar-te e abraçar-te,
mas o desespero não me deixava. Estava asténico, depressivo, triste. Apesar de tudo, com
essa raiva contra mim e o mundo, tu eras a energia vital, a jovialidade, o olhar penetrante.

Finalmente tenho coragem para dizer-te:amo-te!Com todo o meu corpo, todos os meus nervos,
toda a sedução e respeito. Adoro a tua inteligência, o teu olhar, o teu sangue na guelra. Quero
fumar contigo, beber contigo, chorar contigo! Quero penetrar-te suavemente em doses bem
regulares. Um afago na tua nuca, nas ancas e beijo-te até à eternidade. Depois dos suores,
dos abraços, da exaustão no centro da sala, uma imagem incógnita, escombros de uma vida
que existiu. Um clarão demorado, estático, corpos presos ao chão.Éramos nós, as nossas vidas!

Jazemos abandonados no meio da sala. Agitamos a paixão nestas noites sem perfume e náusea.
O sol espraia-se nesta alvorada de sonho. Sais de casa e dizes: - até breve, meu sonho louco!

2 Comments:

Blogger a saber usou da palavra

fácil é imaginar um sonho presente.
difícil é concretizar um presente sonho. vou continuar por aqui porque me sinto bem e sonho que o teatro seja o verdadeiro guia da vida.
a saber dos dias {}

25 janeiro, 2010 21:07  
Blogger odeusdamaquina usou da palavra

Não é só teatro que nos guia para o verdadeiro sentido. Outras rotas existem, como a inteligência, a sensibilidade, o olhar atento como o de um pássaro às coisas da vida.
Depois, evitar a rotina dos dias, das relações, dos lugares. Mudar, viajar são importantes portos de aprendizagem e crescimento.
Nada do que dizemos é fácil. Tudo é difícil quando estamos na esfera do sonho, da partilha.
Por isso, tenho notado as tuas mudanças, de blogues, de humores, de partidas e regressos, de despedidas. Por seres uma mente inquieta, mas por isso mesmo, que não se habitua à gaiola rotineira do quotidiano.
Mesmo sem te conhecer, conheço os gostos, a escrita, os sons e os silêncios. Se aprecias as palavras que são aqui escritas é porque então te revês nas andanças deste teu (des)conhecido amigo. Não tem de ser gostar de tudo, mas alguns laivos aqui e além. Já basta.
Para reflectires sobre o girar do mundo e da criatividade e eu, para pensar como palavras escritas no vazio e na dúvida, na solidão e na bruma, fazem luz a alguém a milhas de distância fisicamente, mas não espiritualmente! Um abraço e um beijo!Sem saber dos teus dias!

25 janeiro, 2010 22:26  

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