10 de dezembro de 2009

Viajar pela Suíça - pt. VI (Zug e Zürich)

Continuando a viagem, visitei o cantão mais pequeno da Suíça, mas também um dos mais ricos. Situa-se na margem do Zugersee, tem uma vida pacata com apenas 25 000 habitantes. Tem dos impostos mais baixos na Suíça, o que faz dele, o cantão, bastante próspero, abrigando muitas multinacionais. Possui ainda as antigas muralhas a envolverem a cidade. De destacar a Kolinplatz, com a estátua-fonte respectiva a Kolin (um cavaleiro da guarda Suíça) , a Rathaus (Câmara Municipal) e a Igreja de St. Oswald, do séc. XV, a destacar-se no pequeno centro de Zug. ALém disso, alguns edifícios de realce, como o edifício gótico com um salão de assembleias coberto em painéis de talha. O Antigo castelo abriga o Museu in der Burg, um museu da História local. É uma cidade-cantão pequena, mas que merece uma visita.

Fig 1 - torre do relógio, Zug
Fig. 2 -Kollinplatz, Zug

Segui rapidamente para Zürich, a grande cidade financeira, que muitos consideram como capital da Suíça. Isto porque é um centro enorme, com uma população bastante assinalável (400 000 habitantes), onde estão os bancos, a bolsa de valores, as seguradoras e as mais importantes multinacionais. É um centro de comércio, de turismo. Apesar de tudo, não é das cidades mais bonitas da Suíça. Possui, no entanto, uma oferta cultural das melhores cidades europeias. Situa-se nas margens do Zurichsee, onde o rio Limmat se desvia para norte. Desde o tempo dos romanos que existe, sob o nome de Turicum, que veio a dar Zurique. Desde 1351 que faz parte da Confederação Helvética. Na idade média, o comércio da seda, do couro, lã e linho, fazem dela uma cidade próspera e agradável para se viver. Zurique foi depois controlada pelas corporações, mas acabou por ficar na obscuridade nos Séc. XVII e XVIII. Ressurge no Séc. XIX, graças à industrialização crescente. Hoje é o centro da alta finança europeia e o maior mercado de ouro do mundo. Da minha visita a pé nas margens do rio Limmat, destaco muitas lojas de comércio, muita gente, muitos carros. Uma cidade grande. As casas eram todas enormes, modernas, ao mesmo tempo com edifícios barrocos, neo-clássicos, neo-renascentistas. Um dos locais que queria muito visitar e consegui era o famoso Cabaret Voltaire, sede do Dadaísmo, onde nomes como Hans Arp, Picabia, Tristan Tzara foram os criadores deste movimento. Zurique era assim uma cidade central na criação artística, isto em 1916, durante a 1ª guerra mundial. Sendo uma cidade neutra, muitos artistas refugiaram-se aqui. O Cabaret Voltaire é uma pequena sala, num edifício hoje de tons rosa, num rés-do-chão de uma rua no centro histórico. Foi um encontro com a história e com este movimento Dada, que muito prazer me deu. Continuando, alguns edifícios merecem uma visita demorada, como as catedrais e igrejas, mas também a gare central de Zurique, uma estação enorme em estilo neo-renascentista (1871). Destaco depois os Museus e Teatros, em especial o Museu Nacional da Terra Suíça (Schweizeriches Landesmuseum). Um edifício enorme, onde temos de passar uma tarde inteira para se ver com calma. Contam a história deste país desde a pré-história à actualidade. Muito bem documentado, aprende-se muito sobre a Suíça. Instalado num edifício histórico e antigo, foi lá que vi a bandeira original Suíça, bastante antiga e gasta pelo tempo, que existe desde a fundação da Confederação, nos prados de Rütli, em 1291. Para não ser muito maçudo na informação, destaco o Museu do Design, o Museu Migros de Arte Contemporânea, e a Kunsthaus. Nas igrejas, a Agustinekirche, em estilo gótico primitivo, a St. Peters Kirche com a sua torre com relógio tipicamente suíço, o edifício da corporação dos comerciantes do vinho, a Zunfthaus zur Meisen, um edifício tardo-barroco. A Fraümunster, onde vi uns maravilhosos vitrais coloridos e belos de Chagall. É uma igreja em estilo românico, conhecida como a "Catedral das Mulheres", porque eram as abadessas que aqui viviam originalmente. A Wasserkirche (a Igreja na água), pois encontra-se às margens do Limmat, o Grossmünster com as suas altas torres gémeas, que se avistam logo à entrada da cidade. É uma basílica enorme, criada dizem, nos tempos de Carlos Magno. É de estilo românico-gótico e o início da sua construção dá-se por volta de 1100. Os vitrais são da autoria de um grande escultor suíço: Augusto Giacometti (1932). A Rathaus, a câmara Municipal construída sobre estacas no rio Limmat, também é de destacar. Data de 1694. Na Limmatquai, a rua que circunda o rio, existem os mais belos edifícios, como a Rathaus, mas também das corporações de mercadores, ferreiros, sapateiros, etc. Têm todas janelas de sacada, as armações dos telhados em madeira, as flores no alpendre e são um portento para a vista. Destacam-se a Haus zum Rüden (séc. XVII) e a Haus zum Saffran (1720). Nos teatros, a Opernhaus, a casa da ópera, de estilo neo-barroco. Também a Schauspielhaus, a sala de teatro principal, onde o mais moderno teatro se faz, vindo de toda a Europa. O tonhalle é um grande edifício barroco onde se ouve música clássica. Além disto ainda temos os jardins, onde o mais famoso é o Zürichhorn Park, onde se podem ver esculturas de artistas consagrados. No interior, abriga a Casa de Corbusier, um museu de artes gráficas, desenhado por esse grande arquitecto. Também existe um curioso museu que fala sobre a história do café na Europa. É o Johann Jakobs Museum. Um local esplêndido de visita demorada, toda esta enorme área verde. À saída de Zurique, temos o Zurichsee, onde podemos tomar um dos muitos cruzeiros pelo lago, em viagens lindíssimas, não só à volta da cidade, mas por este imenso lago de 40 km. Pela cultura, pelo comércio e turismo, pela descoberta, vale a pena vir a Zürich! Boas imagens!
Fig. 3-Zurique (vista geral sobre o Rio Limmat)
Fig. 4 -O Cabaret Voltaire (Dada desde 1916)
Fig. 5 -Vitral de Chagall, na Fraumünster
Fig. 6 -A Haus zum Rüden na famosa Rua Limmatquai