18 de dezembro de 2009

Viajar pela Suíça pt. IX (Chur, Davos, Saint-Moritz)

Depois do Liechtenstein, regressei à Suíça e às linhas de Comboio. Chegando a esta região oriental, estamos no maior cantão do país, Graubünden (Grisões), que é o mais fabuloso do país. Pela paisagem, pelos chalets de madeira, pelo turismo de montanha, pelas linhas de comboio mais espectaculares (Bernina Express e Glacier Express) e pitorescas do país, com linhas a cerca de 3000 metros de altitude. É aqui que também passei pela vila de Heidi, esse ícone da literatura infantil, que passou ao cinema nestas encostas de Maienfeld, mais concretamente ao lugar de Oberrofels, onde se pode visitar a casa da Heidi. Ao longo do caminho, as paisagens são de cortar a respiração, tamanha é a beleza que nem sei descrever. Os rios ao longo da linha e das pequenas aldeias e lugarejos, as montanhas com neve o ano inteiro, os prados, a paz e a natureza intacta absorvem-nos de tal maneira, que não apetece sair desta região. É neste cantão, numa zona entre a Áustria (a Leste) e a Itália (a Sul), que encontramos o Parque Nacional Suíço, o único com esta denominação. Merece uma visita demorada, este Parque preservado desde 1914, com uma área de 172 km2. Tem uma fauna e flora raras, por isso o cuidado extremo na sua preservação. A melhor maneira de visitar o Parque é pelos trilhos todos sinalizados, a pé ou de bicicleta. O ideal são dois dias para se ver com atenção. Estamos numa região predominantemente rural. Mas também estive em zonas mais urbanas e habitadas, como a Capital deste cantão de Graubünden. Essa cidade é Chur, que é bastante antiga. Desde o séc. I a.C. que os Romanos aqui habitavam. Depois tornou-se sede de bispado, no séc. V e manteve essa importância ao longo dos tempos. Com a reforma, passou a ser governada por mercadores abastados e ainda hoje ostenta essa riqueza. Chur tem 35 000 habitantes. Destacam-se a Catedral Românico-Gótica, de 1151, o ex-líbris da cidade, demonstrando a importância religiosa. A padroeira é Sta Maria Himmelfahrt.
Outros monumentos a destacar: mais igrejas (St. Luzius e St. Martin), a primeira surgida de uma cripta do séc. VIII e a segunda um monumento tardo-gótico, concluído em 1491. O Bischöflicher Hof, a residência dos Bispos, fundado no séc. VI, no antigo local de um forte romano, hoje estrutura palaciana, remodelada no séc. XIX. A visitar, a Obere Gasse, a rua comercial e elegante da cidade, que termina no Obertor, a porta gótica de entrada na cidade, às margens do rio Plessur. O Museu Rético (Rätisches Museum), assim denominado porque as montanhas da região são os chamados Alpes Réticos e este museu retrata a vida de Chur e desta região, desde a pré-história à actualidade. Ainda os Museus de Belas-Artes e o Museu da Natureza. Para terminar, destacam-se a Rathaus (Câmara Municipal), do séc. XV, de linhas góticas e as praças com os seus edifícios mais emblemáticos. São elas a Postplatz e a Regierungplatz, com os edifícios do governo cantonal e a Graues Haus (Casa Cinzenta).
Vale a pena passar um dia em Chur. Segui viagem, mais para sudeste e cheguei a Davos, importante pelas pistas de Ski, como centro turístico e hoje mais conhecida porque é lá que se realiza o Fórum Económico Mundial, sempre em Janeiro, com as maiores potências económicas mundiais. Davos possui uma ligação forte com o escritor Thomas Mann, pois ele viveu e escreveu lá "A Montanha Mágica". Também o pintor Kirchner por ali viveu, desde 1917. Hoje existe um museu com o seu nome, pintor maior do expressionismo. Davos é a capital do snowboard e possui mais de 300 km de pistas na neve. Klosters é uma população mesmo ao lado de Davos, conhecida também por ser uma estância de neve. Em Klosters temos uma Igreja, a de St. Jakob, conhecida pelos vitrais de Giacometti. Nesta região, de destacar as localidades de Arosa e Bad Ragaz. A última, além de estância de neve, também é uma estância termal, das melhores do país. Todas estas vilas têm uma população nunca superior a 10 000 habitantes, o que atesta a sua qualidade de vida.
Mais conhecida e populosa é a grande estância turística de Saint Moritz. Muito conhecida pelo turismo de inverno, pelos Jogos Olímpicos de inverno, pelas celebridades que ali passam as férias de inverno ou que habitam regularmente na cidade. A paisagem é deslumbrante, com os alpes em volta, o lago e o Moritzersee. Além do ski, do snowboard, das pistas de tobogan, da prática do curling, ainda temos as caminhadas e trilhos no verão. Também é uma zona termal, com muitos aquistas a frequentarem estas águas curativas e os seus fabulosos hotéis seculares. Tem dois museus: o Giovanni-Segantini Museum (um pintor simbolista) e o Museum Engiadinais (o Museu da região do vale de Engadine), que retrata essas paisagens e os hábitos da região, além da história das termas. Todo este vale de Engadine, que vai até à fronteira com a Áustria, a Leste, tem locais e vilas paradisíacas, a visitar, sem pressas.
Foi nesta região, a 2600 metros de altitude, que ouvi falar pela primeira vez o Romanche, a 4ª língua oficial da Suíça, só falada nesta região, por uma minoria (cerca de 1% da população da Suíça). o Romanche vem de uma matriz latina, visto estarmos perto da fronteira com o Norte de Itália. Curiosamente, ou talvez não, muito do que ouvi era perceptível e consegui compreender a maior parte da conversa, falada entre ferroviários da zona de Col Bernina(Passagem de Bernina).
Muito mais haveria a escrever, mas o ideal é ver as imagens e viajar até esta linda região!
Fig. 1-A catedral de Chur
Fig. 2-A Catedral de Chur e os Alpes ao fundo

Fig. 3-Casas Pintadas nas ruas de Chur
Fig. 4-Um Glaciar no Parque Nacional Suíço
Fig. 5-Vista de Davos com a neve
Fig. 6-Os Alpes Réticos e a linha de comboio turística
Fig. 7-Saint Moritz encantadora e o seu lago
Fig. 8-Saint Moritz à noite coberta de neve