30 de março de 2009

Do Espaço na Poética

Um lugar. Onde a poética faça sentido. Entre as nuvens e a cave, um vento
de mistério e terror. Na dolente guarita dos sonhos, há percursos únicos,
invioláveis. Na seiva obscura do teu corpo, ainda há uma réstia de luz e
esperança no vazio entrançado da solidão. Apercebes-te como é risível a
tua face nauseabunda e leprosa. Emites um esgar que não chega a condensar
o universo das flores. Só o passado faz lume à vitória dos sentidos. Pausa.

No frontspício da tua alma há doses maçicas de alento. Não te perdes em
deambulações espúrias. Chegaste ao sótão da existência e a casa é uma
forma epistemológica de pensar e ser. Nada se faz por acaso na esfera
habitada dos desejos. Agora prendo-me ao efémero e recomeço outra
viagem nas mansardas da imaginação. As ideias são variações do belo
e entre Platão e Arendt ainda há homens sem condições humanas. Ponto.

O redondo e o canto de uma casa são apenas variações de um passado
que é só nosso. Nesses locais há tanta vida como intimidade. Depois
temos o ninho e a concha, locais de protecção e memórias perenes.
A concha que é um buraco negro da existência, que não vislumbramos
até ao fundo. O ninho, esfera quente e familiar do carinho. Ao cogitar
da existência da casa, temos de chegar às certezas da introspecção.

Ponto final, parágrafo. Fim hediondo dos homens em tempos sombrios!?