13 de fevereiro de 2009

Silêncios, Surpresas, Salazar, Sexta-feira, 13. Será Azar?

Hoje, um nome. Lorna e o seu silêncio. Entre a Albânia e a Bélgica, há muita máfia que
pretende casar pessoas para pertencerem à União Europeia. Nada mais simples nos dias
de hoje, casar e ganhar uns dinheiritos. No entanto, outros valores mais elevados se
levantam, como a memória e o sentimento, que faz com que Lorna não se deixe arrastar
até ao fim por esta máfia. Mas o melhor é ver o filme. O resto da descoberta é convosco.

Por falar em máfia, há aí uma máfia televisiva que nos mostra um Salazar galã que comia
todas as estrangeiras e domésticas que encontrasse. Ria-se muito, viajava de jacto por esse
mundo fora, onde amealhava conquistas e manjava conquilhas com um à-vontade que fariam
James Bond parecer um matarruano. Salazar foi um dos pioneiros da internet, não fosse a sua
PIDE ter abafado o seu site: vacanças e vacarronas.com. Se Darwin cá voltasse, talvez já não
seria tão partidário da teoria da evolução, olhando para estes argumentistas nacionais!
E assim se apaga a história, passando uma esponja Vileda bem suave sobre o passado.
Vai ser bonito: os adolescentes vão dizer que Salazar é fixe!
Já os vejo a fazer canções de bairro sobre o dito:
"Ele é cool e está na área/é um dread a fugir da Judiciária/Salazar com as damas/mete-se com elas nas camas/curte um som no seu bólide fanado/vai com os copos e anda sempre drogado"

É isto que estamos a transmitir aos mais novos, que captam tudo sem terem ajuda do senso
crítico, que nos ajuda a peneirar o que é verdade do que é ficção, o que é bom do que é mau.
E nas escolas, em casa, quase ninguém se dá ao trabalho de estimular este bom senso, o que
é grave para o presente e no futuro ainda mais. Isto leva-me aos casos da aluna agredida na
escola do Monte da Caparica durante 1 hora por outras 3 "colegas" ou então ao professor de
Braga agredido pelo tio de uma aluna à saída da escola. Ninguém viu nada? Ninguém ouviu?
Estamos todos cegos, surdos e mudos? Estamos assim tão virados para a nossa concha?
Infelizmente, sim. Somos mais e mais individualistas. Assumimos a não-responsabilização,
seja dos actos dos outros, mas mesmo daqueles que nos tocam e afectam. Uma sociedade
assim não vai longe. Preocupa-me tanto. Que fazer? Sermos mais atentos, observadores e
activos. Sermos cidadãos de pleno direito é querermos imiscuir-nos do que acontece à nossa
volta. Temos de deixar de pensar que à nossa volta é apenas a nossa casa, o nosso carro, a
nossa comida, o nosso companheiro, as nossas contas. Há por aí um país real, abra os olhos
e descubra 10 milhões de oportunidades: seria este o meu slogan nacional para 2009.

Cito aqui e relembro Eduardo Prado Coelho:
"Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos: Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e estou seguro de que o vou encontrar. Encontrarei quando me olhar no espelho. Aí está! Não preciso de procurar noutro lado. E você, o que pensa? Medite!"
Não tenho mais nada a dizer! A chico-Espertice vai continuar: numa televisão, numa fábrica, numa câmara municipal perto de si! Num país demasiadamente perto de nós!