18 de fevereiro de 2009

Ferrugem

Ferrugem. Palavra que hoje li, entre a maçã do mundo e o chá do deserto. Mescla de
saudade e aroma, há matizes na verve inconformada do sério figurante a homem
corroído de afecto, na mais sensível paleta dos dias ternurentos. Trauma, não do
homem-figurante, mas dos dedos deformados pela escrita enviesada. Não, nunca
confundir a escrita com o cerne das sinapses que me envolvem. A face aparente
da hermenêutica versus a concha acústica para músicas sem fim no teatro-edifício
das minhas vivências. Ficção e criatividade, um limbo impossível de dividir, folha
seca e caída ao vento na brisa ambiciosa da realidade. Numa idade real onde já só
me faltam os últimos cromos da colecção de um futuro duvidoso. Do passado, retenho
os autocolantes nos vidros da sala grande com vista para a pereira deveras antiga.
A sagacidade da árvore dá-me uma sombra inelutável em todos os solarengos dias
em que habito as palavras da doce ociosidade em livros cheios de pó e usados.
Alfarrabista dos sonhos sou, nas dedadas da doce ferrugem de uma noite inquieta.

1 Comments:

Blogger a saber usou da palavra

uma vivência que não sei letrar mas que me identifico. avante quem sabe...

19 fevereiro, 2009 20:58  

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