Diálogo Intergeracional
Na deriva artística em que te encontro, falei-te dos acasos da escrita e dos prelúdios do dia.
Ponto um: Um mar soçobra na paisagem de Albrech Dürer (com trema naquele übere nome),
os hífens da palavra chapéu-de-chuva devem ser utilizados, mesmo ao sol, no deserto da
ortografia nacional. Um M não significa que alguém Matou. M é Fritz Lang no seu melhor e
tu sabes que fiz uma dissertação sobre este autor do Expressionismo Cinematográfico.
Ponto dois: A palavra crise é um anglicismo. Importamos tudo o que é mau. Não importa o
que venha; tudo é assimilado de um modo acéfalo, sem criar raíz com moldura nossa, luz
espelhada de sonhos de outras gerações. Que fazer, dizes? Respondo sucintamente que
temos cá bons filósofos e poetas, corrupção da que melhor se faz e bons inventores. O
sr. Vítor é bom exemplo: na loja do cidadão está a querer patentear os seus inventos, que
por acaso têm a sua sageza (palavra bonita, esta!). O Sr. Vítor tem 45 anos, com um estilo
negligé (agora um galicismo, não de galos, mas de gauleses, isto é: franceses), gosto de o ver
com aquele cabelo parecido ao meu; crescido, em pé, a tapar-me um olho, a calça castanha
e sapato de couro (porque é que hoje toda a gente usa ténis? e outras similaridades, não
entendo, palavra de honra!), bem na sua pele, no seu olhar criativo, pássaro atento às jangadas
do mundo. Gosto de pessoas como o Sr. Vítor. Merecem-me admiração.
Ponto três: este é o último ponto. O tempo escasseia, tenho de ler Gaston Bachelard e ainda queria pegar num pouco do Umberto Eco. Depois da Estética e História da Beleza, a estética e História da Fealdade. Outra palavra sedosa, corre bem na boca e no véu palatino. Confude-se com Fidelidade, com Fiel. Não, é mesmo da estética do feio que discorre o Eco do autor. Mas
fala-se de arte aqui, não tem nada a ver com bonito, feio, moda e outras coisas banais. Para
isso já existem os banais televisivos. A música banal. Banal é uma palavra forte, que despreza
todas as palavras que a circundam. Curioso, não é? O Miguel Esteves Cardoso falava-nos, para
quem lê jornais, de um caso curioso, hoje. Portugal, claro, é sempre o seu espelho e os nativos
deste país a "causa das coisas" por que escreve. Muito inteligente, sempre.
Ena, filha. Hoje foi uma lição deveras portentosa. Mas sabe bem aprenderes e escutares com
atenção. Temos de ser exigentes connosco, filha! Já chega de tanta incultura por aí, n'esc ce pas?
Linda menina! Vamos jantar? Sim, hoje é peixe. Dourada, cor de sonho e admiração dos pobres.
Ponto um: Um mar soçobra na paisagem de Albrech Dürer (com trema naquele übere nome),
os hífens da palavra chapéu-de-chuva devem ser utilizados, mesmo ao sol, no deserto da
ortografia nacional. Um M não significa que alguém Matou. M é Fritz Lang no seu melhor e
tu sabes que fiz uma dissertação sobre este autor do Expressionismo Cinematográfico.
Ponto dois: A palavra crise é um anglicismo. Importamos tudo o que é mau. Não importa o
que venha; tudo é assimilado de um modo acéfalo, sem criar raíz com moldura nossa, luz
espelhada de sonhos de outras gerações. Que fazer, dizes? Respondo sucintamente que
temos cá bons filósofos e poetas, corrupção da que melhor se faz e bons inventores. O
sr. Vítor é bom exemplo: na loja do cidadão está a querer patentear os seus inventos, que
por acaso têm a sua sageza (palavra bonita, esta!). O Sr. Vítor tem 45 anos, com um estilo
negligé (agora um galicismo, não de galos, mas de gauleses, isto é: franceses), gosto de o ver
com aquele cabelo parecido ao meu; crescido, em pé, a tapar-me um olho, a calça castanha
e sapato de couro (porque é que hoje toda a gente usa ténis? e outras similaridades, não
entendo, palavra de honra!), bem na sua pele, no seu olhar criativo, pássaro atento às jangadas
do mundo. Gosto de pessoas como o Sr. Vítor. Merecem-me admiração.
Ponto três: este é o último ponto. O tempo escasseia, tenho de ler Gaston Bachelard e ainda queria pegar num pouco do Umberto Eco. Depois da Estética e História da Beleza, a estética e História da Fealdade. Outra palavra sedosa, corre bem na boca e no véu palatino. Confude-se com Fidelidade, com Fiel. Não, é mesmo da estética do feio que discorre o Eco do autor. Mas
fala-se de arte aqui, não tem nada a ver com bonito, feio, moda e outras coisas banais. Para
isso já existem os banais televisivos. A música banal. Banal é uma palavra forte, que despreza
todas as palavras que a circundam. Curioso, não é? O Miguel Esteves Cardoso falava-nos, para
quem lê jornais, de um caso curioso, hoje. Portugal, claro, é sempre o seu espelho e os nativos
deste país a "causa das coisas" por que escreve. Muito inteligente, sempre.
Ena, filha. Hoje foi uma lição deveras portentosa. Mas sabe bem aprenderes e escutares com
atenção. Temos de ser exigentes connosco, filha! Já chega de tanta incultura por aí, n'esc ce pas?
Linda menina! Vamos jantar? Sim, hoje é peixe. Dourada, cor de sonho e admiração dos pobres.
1 Comments:
boa dissertação.
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