19 de janeiro de 2009

Percursos, Toques, Trajectórias

Um sinal na testa. Uma marca que adensa o mistério do mundo nos teus braços.
Mas agora foste-te. Morreste no país dos buracos na estrada. Na península dos
estranhos licores. A cerveja que bebias era fresca, forte. Agora queres que chova
no país das secas. No país dos marinheiros bêbedos. Na farsa dos futebóis. Era um
tempo de dramas e utopias na barragem do teu canto. A cultura de um povo está
neste cuspir denodado no chão das ruas inquietas. No vórtice das ruas sujas, ainda
há dejectos de cão por evitar, pedras soltas, sacos que esvoaçam no plástico que é
esta sociedade. No cartão em que tu dormes, esqueces-te do frio dos sentimentos
dos humanos. Recomeças a luta a cada segundo, sempre que alguém não pára no
sinal verde da tua afeição. Segue-se um pequeno pão de passas que te ofereci na
noite solidária, enquanto tocavas uma música de protesto na tua flauta dulcíssima.