25 de novembro de 2008

Química Orgânica

Bel-Canto da memória! Peróxidos na nuca de um desvelado corpo.
Na química da vida, sou um soluto de difícil solução. Tinta fresca na
face de uma deusa enviesada, alcatrão na neblina da tarde. Já é tempo
da poda das ramagens inquietas. Cai-me o braço de uma folha perene
em teu seio pontiagudo. Que opípara vegetação se enleva em meu redor!
Deixo de ver as circunstâncias da morte e encaro a tormenta com um
Cândido esgar. Na peregrinação dos afectos, palmilho as costas da tua Índia
ainda inexplorada. No nomadismo do teu ventre, espalho as cinzas de um
passado heróico que aportou de espanto na cidadela. No caótico perambular
dos loucos confrades, petisca-se um efémero silêncio nas tascas da imaginação.
Depois de regados com alvíssaras em vertigens do verde, aplaca-se a sensaboria
dos informes caudais de gente. Desmiolados seres que não gostam dos abraços!
Na espera em que me encontro, preciso de ti, solvente primordial e afável da maresia.