17 de outubro de 2008

Trilhos Inquietos

Alimento a carne nos vendavais
a hulha apodrecida de um passado
invento a marioneta do desejo e
antecipo a morte da saudade.

Fingimentos bacocos numa erosão
ácida de prantos e obséquios inodoros

Tépidas frontes num nauseabundo saber ancestral


Mordomias e cuidados. A exegese do lamento
é um ditirâmbico conto de alvíssaras hedonistas.
Confusa? Só a memória não se inventa, perene no
sentido, ela agrilhoa-nos ao sentimento profundo.

Nesta récita curta, convém lembrar as dificuldades
do caminho, da escrita sinuosa e rendilhada, no posfácio
de imagens por acontecer. Entre versos estranhos e
ambivalentes, há mudanças radicais de estilo. Sou a
formatação do pensamento, numa liberdade abissal.

Por agora fica o vaga-lume no deserto, um ocaso excepcional e uma gruta bem húmida.

O resto são os navios aportados no cais dos regressos,
as marés com suas ondas acres e a imberbe estação dos oceanos.
Nos moinhos em que te encontro, há mais rugosidades na vela
que procuras, que nos faróis no meio da bruma dos sentidos.

Aquela luz que desperta o viandante é um sinal de fogo na paisagem,
soltam-se gotas de chuva no caminho e na bifurcação da tua vida,
decides soltar desse capote a água acumulada do silêncio. Nada mais
resta que a solenidade de despir a roupa e entregar-me ao mar.

1 Comments:

Blogger ao saber dos dias usou da palavra

já estive e não deixei mensagem sobre os trilhos inquietos porque não sei fazer melhor. boa continuação. {}

22 outubro, 2008 21:09  

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