Diário das Descompensadas
Movimento circular. Abundante gordura no teu abdómen. Passas de soslaio por mim.
Perguntas pelo nome das ruas. Não te respondo. Consumo-me na leitura dos diários.
Amanhã é outra noite, fazes de palco sem projectores. Derramas o sentido insosso no
breviário da minha ausência. Escarras a mordomia do nojo nos patíbulos da arrogância.
Prestas-te a um serviço inócuo e fúnebre. Lassidão entre os papéis e uma agonia de
sétimo dia. Na dor do cadafalso em que te obrigas, há chuva nas tuas têmporas e um
agitar de braços lá ao longe. Preferes a ondulação permanente da tua camisa de seda.
Lá te enclausuras na finura de um pátio alfacinha ou na rudeza de umas "ilhas" portuenses.
Publicaste no teu diário a importância das drogarias e mercearias que querem fechar.
"É importante que a madeira vingue sobre o plástico dos dias de hoje!", dizias com fervor.
Aquele cheiro a tintas, a vernizes, a sabão e ferro são dignos da sobrevivência, mais: da
Supervivência! E olhar para aquelas prateleiras com arroz, farinha 33, pasta medicinal Couto,
gelatinas Royal, que vivências, que memórias de infância! Hoje, só infâmia, horror de não ver,
pedir para não destruírem o passado, os edifícios, as praças, os rostos sibilinos, a inocência.
Fechas o teu diário, alimentado a sonhos e evasões da memória e escapas um bocejo final:
"Está na hora da vingança suprema: quero uma torrada em azeite e um leite com Vigormalte!"
Perguntas pelo nome das ruas. Não te respondo. Consumo-me na leitura dos diários.
Amanhã é outra noite, fazes de palco sem projectores. Derramas o sentido insosso no
breviário da minha ausência. Escarras a mordomia do nojo nos patíbulos da arrogância.
Prestas-te a um serviço inócuo e fúnebre. Lassidão entre os papéis e uma agonia de
sétimo dia. Na dor do cadafalso em que te obrigas, há chuva nas tuas têmporas e um
agitar de braços lá ao longe. Preferes a ondulação permanente da tua camisa de seda.
Lá te enclausuras na finura de um pátio alfacinha ou na rudeza de umas "ilhas" portuenses.
Publicaste no teu diário a importância das drogarias e mercearias que querem fechar.
"É importante que a madeira vingue sobre o plástico dos dias de hoje!", dizias com fervor.
Aquele cheiro a tintas, a vernizes, a sabão e ferro são dignos da sobrevivência, mais: da
Supervivência! E olhar para aquelas prateleiras com arroz, farinha 33, pasta medicinal Couto,
gelatinas Royal, que vivências, que memórias de infância! Hoje, só infâmia, horror de não ver,
pedir para não destruírem o passado, os edifícios, as praças, os rostos sibilinos, a inocência.
Fechas o teu diário, alimentado a sonhos e evasões da memória e escapas um bocejo final:
"Está na hora da vingança suprema: quero uma torrada em azeite e um leite com Vigormalte!"
4 Comments:
"É importante que a madeira vingue sobre o plástico dos dias de hoje!"
[está tudo dito, este aparte foi só para o comentário fazer sentido, mas façam de conta que não está cá]
ícone messeger olá
...
o que é o conhecimento?
visão directa do corpo e da atitude?
prolongado caminho nem que condutor à saturação encapotada?
Vivência superficial feita de fait-divers e não de curiosa partilha sem hora nem condicionalismos marcados?
Será assim tão impossível iniciar o conhecimento na distância? julgo que não e defendo tal desiderato.
ASSIM AQUI DEPOSITO A MINHA HOMEGAEM AOS BLOGGERS, ESSES ALADOS TRANSMISSORES DE LAÇOS DE PARTILHA!
Amigo Amândio, permite-me que te trate assim! Há que renovar e apertar esses laços! Espero que possa com mais frequência escrever e falar neste humilíssimo blogue. E a ver se em breve faço uma resenha de textos para mandar à vossa editora. Depois, têm todo o direito de dizer que é lixo, mas da minha parte, pelo menos, há a vontade de os mandar para serem analisados minuciosamente e entregues a quem sabe avaliar do grau de pureza (verdade) dos mesmos.
Abraço valente!
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