29 de setembro de 2007

Fuga à Ditadura dos Dias!

Criteriosa escolha. A nuvem pesarosa do desassossego penetrou na minha casa. Pintado de fresco estava a frase: "Os dias do silêncio são maiores que a euforia". Numa vertiginosa corrida, tentei libertar-me dos fantasmas que conspurcam a memória, restos mortais in loco, nauseabundos fetos no lodaçal das paixões. Partiste-me! Destroçaste o sangue incestuoso da carne pútrida, pálida aparição de almas enclausuradas. Pórticos, saídas de emergência e um copo a estilhaçar no meio da praça. Estamos chegados à calvície do problema, crostas encrespadas de um odor matinal. Preserverança na morte, dizia o ditador, olhos esquálidos e um frenesi de fogo. -É queimar, é queimar!!! Essa gente indigente, essa nata inteligente que nos atormenta!
Este é um estado minado de medo e são os militares a sua maior prole. Vozes impertigadas no arroto gutural do chefe-supremo-maior-de-todas-as-coisas. Deus sou eu, feito carne e sexo!!! Sexo e fome, mulheres ao desvario e seca monumental! Aqui só há um herói: - a chuva!
E eu, claro, como mestre das tentações! Por cada crime, uma mão cortada! Para acabar com a fome!!! Dêem de comer aos cães!!! Ao que de seguida ria alarvemente.
No fim de tanto escutar, precisei de ar, respirar um pouco de humanidade. Puxei de um cigarro na modorra da noite e pus-me a indagar do sentido da morte, já que a vida não fazia sentido ali.
Silêncio! É isso, o demolidor silêncio! Só ele pode regurgitar tudo isto, mandar para um buraco negro todas as angústias, todos os genocídios. Dessa espessura de silêncio que quebra as paixões, que atrai os animais e nos torna profundos, como o mar.
Precisei de atear a lenha do teu sorriso, partir em busca de uma fraga de sonho e ali, isolado das euforias e dos dias, permanecer em silêncio no teu corpo.

1 Comments:

Anonymous Anónimo usou da palavra

Ya meu, este texto é mesmo de escarne e batatas fritas a maldizer o cozinheiro! Continua assim a dar cabo dos restaurantes em portugal! Ya meu, tá-se bem!

03 outubro, 2007 13:15  

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