17 de junho de 2007

Sôfrego Lutador

Abomino-me!
Na ausência clara do amor.
Destruo a consciência enevoada
das madrugadas insones de solidão.

Perco o medo do estio, da aragem matinal
vou por aí às escondidas da sorte
e abraço a intempérie na cidade,
corroída fronte de desejos

No lodaçal das paixões
sou consumido pelo nauseabundo
desprezo das mulheres vulgares

Escorraçam-me do brilho etéreo
das noites glamorosas com
bonitas e selvagens mulheres

Na posse da maresia,
única companheira fiel
soçobro nas marés do medo
e acordo na longa manhã da espera

Fímbria inaudível do mar
oculta sorte e desamparo
corro pela enseada voraz
do crivo materno e ausente

Soluço nos teus braços fortes,
Mãe! Ocupas-te da terra
e dos feridos da guerra.

Eu sou o teu último guerreiro
vivo, lutador sôfrego da ilusão
perdido nas batalhas do sonho.

3 Comments:

Blogger Joaquim Amândio Santos usou da palavra

quando nascidas nos braços sedosos de Morfeu, as batalhas pelo sonho não são passíveis de desaguar na vil manta da derrota!

18 junho, 2007 16:58  
Blogger odeusdamaquina usou da palavra

Este perdido não é de derrota, mas antes, de esquecido, à deriva.
O sonho é sempre a vitória da nossa memória.

18 junho, 2007 17:50  
Anonymous Anónimo usou da palavra

são tempos idos, os que falas, entrevistos nas brumas que, filigranas delicadas, embaraçam a memória.
se futuros existem, que sejam de revolta, não da revolta mesquinha filha da submissão - antes da revolta/fractura, a da sorte dos lutadores que, por lutar, venceram já.
bem hajam.

abraço,
cjt

19 junho, 2007 20:10  

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