Orografias da Memória
Silabário de poemas
a auréola esmaece
na madressilva
do teu desejo
Secreta proeminência
da evasão dos sentidos
a sagaz ternura
das brandas nocturnas
Na Patuleia do teu jogo
a arma é seta envenenada
de paixão, módica quantia
do teu troco conspurcado
Meti-te na prateleira
dos meus chás preferidos
Eras o meu Darjeeling
dos Himalaias, quente
aveludado e néscio
Na cálida tarde dos
amores fingidos
eras a minha amante
da preversão orgiástica
perfume onanista
Passeavas-te de bicicleta
nas pradarias ventosas
de acenos ligeiros
Qual despedida breve,
feno húmido, retemperador
Pétalas do porvir extasiado
a loquaz corrida do tempo
fingidas preces na casa oca,
abandonada. Saías de lá
mais viva que a tua vida.
E o meu minucioso prazer
era satisfeito, esquecido
para lembrar outras eras
de inominável amar.
Quanta gente não se agitou
naquele combóio feérico
galgando serras geladas?
Os passos trocados nas
estações e uma imorredoira
saudade, nostalgia da denúncia.
Naquele frémito, os vales
deram lugar aos vinhedos,
ao aroma melífluo, aos insectos
polinizando a permanência
dos ciclos diáfanos, à labuta
agreste e sanguínea nas
faldas do néctar dionisíaco
Os socalcos têm ouvidos
e a música a escutar
é apenas uma ária breve
semifusa, semi-nua,
confusa na etilização
do favor nupcial
Depois de tanto calcorrear
Trouxe-os-Montes comigo
e a idílica fé no infinito
O vagaroso vagão aportou
ao cais da maresia imprevista
Desci de um só pé,
imaginei o que nunca houvera
visto e despedi-me de ti,
náusea breve do meu
diletante corpo.
a auréola esmaece
na madressilva
do teu desejo
Secreta proeminência
da evasão dos sentidos
a sagaz ternura
das brandas nocturnas
Na Patuleia do teu jogo
a arma é seta envenenada
de paixão, módica quantia
do teu troco conspurcado
Meti-te na prateleira
dos meus chás preferidos
Eras o meu Darjeeling
dos Himalaias, quente
aveludado e néscio
Na cálida tarde dos
amores fingidos
eras a minha amante
da preversão orgiástica
perfume onanista
Passeavas-te de bicicleta
nas pradarias ventosas
de acenos ligeiros
Qual despedida breve,
feno húmido, retemperador
Pétalas do porvir extasiado
a loquaz corrida do tempo
fingidas preces na casa oca,
abandonada. Saías de lá
mais viva que a tua vida.
E o meu minucioso prazer
era satisfeito, esquecido
para lembrar outras eras
de inominável amar.
Quanta gente não se agitou
naquele combóio feérico
galgando serras geladas?
Os passos trocados nas
estações e uma imorredoira
saudade, nostalgia da denúncia.
Naquele frémito, os vales
deram lugar aos vinhedos,
ao aroma melífluo, aos insectos
polinizando a permanência
dos ciclos diáfanos, à labuta
agreste e sanguínea nas
faldas do néctar dionisíaco
Os socalcos têm ouvidos
e a música a escutar
é apenas uma ária breve
semifusa, semi-nua,
confusa na etilização
do favor nupcial
Depois de tanto calcorrear
Trouxe-os-Montes comigo
e a idílica fé no infinito
O vagaroso vagão aportou
ao cais da maresia imprevista
Desci de um só pé,
imaginei o que nunca houvera
visto e despedi-me de ti,
náusea breve do meu
diletante corpo.
3 Comments:
Indefinido e real é o que senti. São as memórias. Já publicou? e em?
Memórias são passos breves
no quotidiano. Salpicos
coloridos numa tela abrangente.
No fim, a nossa singular obra
de arte, um percurso ímpar.
Viver, deixar a pegada para o futuro. Memória é a inteligência
arquivada, pronta a reviver-nos
sempre que nos apeteça.
É espantoso o tom formal com que sou abordado. Serão as palavras difíceis de digerir? Serei assim já tão velho? É estranho!
Por isso, já publicaste? Prefiro assim, nada de distâncias! Já bastam as físicas. Aqui podemos ser todos conhecidos e próximos!
A resposta? Não, não publiquei. Mas pretendo um dia. Não as memórias. A prosa con(sentida).
Tenho de recolher este material e mandá-la para uma editora. Estou em maturação permanente. A ver se isto faz sentido para as pessoas, para mim, se faz pensar, se faz sonhar, se faz...alguma emoção em alguém, por mais singela que seja.
Se assim for, terei ganho o dia!
"Memória é a inteligência
arquivada, pronta a reviver-nos
sempre que nos apeteça" digo-te formidável não ponto final
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