Vida Agitada
(ou a não importância de um título para ser amável)
Intemporal ausência do amor
O medo faz-se na carne
ocre vivo da tensão
Actina e miosina coligados
numa profusão patética
de choro recalcitrante
A trovoada agita os teus lençóis alvos na perfeita mise-en-scène do alto-mar
Quais velas navegando no caudaloso leito da moribunda face do horror
Mortos, profusão de tiros e a imanência dos dias agitados e quentes
Quanto mais calor, mais as partículas se agitam, ah! Entropia, miopia
de sinais contrários e o sucesso vê-se por um canudo rasurado no tempo
Mais sinais de retoma, mais global acção que se visualize no écran
Menos sintomas, o paciente já não sente nem sequer a morte, não tem coração.
O amor...é um gajo estranho
como na canção: Pop dell'arte
Entre a arte e a popularidade
prefiro dois dedos de conserva
Bem enlatada e com prazo de validade alargado
Alargamento do sofrimento
800 milhões sem nada para comer
leia-se: desejo de terminar com a fome!
E nós: que desejamos? Uma refeição topo-de-gama?
um automóvel bem passado? Um telemóvel pronto-a-comer?
Uma nova relação de última geração? Um pé-de-meia
na cave do último andar com piscina coberta?
E eu: que desejo na clara agonia da minha doença?
Um lugar no inferno dos oprimidos? O céu, que não pode esperar
pela minha raiva? O sorriso na tarde calma de um abraço?
Ou a frustração, única companheira da aventura em que me meti?
E ela: que desejava de a conhecer numa manhã fria de verão?
que lhe chamaria todos os nomes, menos o dela? A culpa,
morre solteira? E quem se casa, não tem culpa da morte?
Que sorte ela tem por me não conhecer!
Quando acabarão as perguntas? As dúvidas de um silencioso adeus?
Profanarão a minha última morada dos afectos? Que as cinzas do
teu cigarro sejam as minhas, do meu corpo desnudo, fértil, inacabado.
Que estioles em ti o amarrotado do meu peito, do meu coração sensível.
Depois podes partir. Naufragar por aí! Dá-me um fabuloso destino
em saco de plástico colorido e reciclável, um sonho pop em rádio
despertador digital, um acordar suave nas bocas do mundo.
Não me dês, resiste ao meu cego egoísmo de te ver!
Não deambules por aí à procura da misteriosa chave do sucesso!
O sucesso é um abcesso na mente adoentada! O inferno é já aqui e agora!
Não é tudo, não dói nada! Agora, colora! Simboliza o outrora!
Chega da rima fácil e circular! A andar, a andar!
Porque é que os sonhos se agitam sem sentido?
Porque não marcham na formatura?: em sentido!
Nada disto faz o sonido, o sorvido na tua boca.
Terá servido para alguma coisa?
Adeus e até logo, que o sempre já o temos garantido.
Fica prá próxima a combustão dos sentidos!
Intemporal ausência do amor
O medo faz-se na carne
ocre vivo da tensão
Actina e miosina coligados
numa profusão patética
de choro recalcitrante
A trovoada agita os teus lençóis alvos na perfeita mise-en-scène do alto-mar
Quais velas navegando no caudaloso leito da moribunda face do horror
Mortos, profusão de tiros e a imanência dos dias agitados e quentes
Quanto mais calor, mais as partículas se agitam, ah! Entropia, miopia
de sinais contrários e o sucesso vê-se por um canudo rasurado no tempo
Mais sinais de retoma, mais global acção que se visualize no écran
Menos sintomas, o paciente já não sente nem sequer a morte, não tem coração.
O amor...é um gajo estranho
como na canção: Pop dell'arte
Entre a arte e a popularidade
prefiro dois dedos de conserva
Bem enlatada e com prazo de validade alargado
Alargamento do sofrimento
800 milhões sem nada para comer
leia-se: desejo de terminar com a fome!
E nós: que desejamos? Uma refeição topo-de-gama?
um automóvel bem passado? Um telemóvel pronto-a-comer?
Uma nova relação de última geração? Um pé-de-meia
na cave do último andar com piscina coberta?
E eu: que desejo na clara agonia da minha doença?
Um lugar no inferno dos oprimidos? O céu, que não pode esperar
pela minha raiva? O sorriso na tarde calma de um abraço?
Ou a frustração, única companheira da aventura em que me meti?
E ela: que desejava de a conhecer numa manhã fria de verão?
que lhe chamaria todos os nomes, menos o dela? A culpa,
morre solteira? E quem se casa, não tem culpa da morte?
Que sorte ela tem por me não conhecer!
Quando acabarão as perguntas? As dúvidas de um silencioso adeus?
Profanarão a minha última morada dos afectos? Que as cinzas do
teu cigarro sejam as minhas, do meu corpo desnudo, fértil, inacabado.
Que estioles em ti o amarrotado do meu peito, do meu coração sensível.
Depois podes partir. Naufragar por aí! Dá-me um fabuloso destino
em saco de plástico colorido e reciclável, um sonho pop em rádio
despertador digital, um acordar suave nas bocas do mundo.
Não me dês, resiste ao meu cego egoísmo de te ver!
Não deambules por aí à procura da misteriosa chave do sucesso!
O sucesso é um abcesso na mente adoentada! O inferno é já aqui e agora!
Não é tudo, não dói nada! Agora, colora! Simboliza o outrora!
Chega da rima fácil e circular! A andar, a andar!
Porque é que os sonhos se agitam sem sentido?
Porque não marcham na formatura?: em sentido!
Nada disto faz o sonido, o sorvido na tua boca.
Terá servido para alguma coisa?
Adeus e até logo, que o sempre já o temos garantido.
Fica prá próxima a combustão dos sentidos!
1 Comments:
Ler estas palavras que parecem sair da epiderme, porventura arrancadas à dentada, as vísceras expostas, o vapor de água arrefecido a diluir-se em pequenos bafos na atmosfera, e depois dizer apenas que está muito bom, ou maravilhoso, ou soberbo, ou "sublime, como chuva a cair-me em cime" é quase obsceno, para não dizer Obsceno. Atrevo-me mesmo a dizer que é OBSCENO. (temos guerreiro). S. pode esperar.
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